São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

2010 acirra disputa por cargos no Senado

Com poder para convocar ministros e aprovar projetos, comissões viram alvo de quem vai enfrentar as urnas nas próximas eleições

54 dos 81 senadores estarão em campanha no ano que vem; integrantes da Mesa e das comissões têm direito a cargos e benesses extras

LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As eleições de 2010, quando 54 dos 81 senadores precisarão enfrentar as urnas para tentar um novo mandato, aumentam o interesse por cargos na estrutura interna do Senado. A disputa só deve acabar na quarta, com a escolha dos presidentes das 11 comissões temáticas.
Com os sete postos da Mesa Diretora, os líderes das comissões formam a elite do Senado, com direito a cargos e benesses extras. Mas não é só isso. Com poder para convocar ministros e aprovar projetos que não precisam passar pelo plenário, as comissões são estratégicas no processo legislativo e podem ser usadas como palanques.
Pré-candidata ao governo de Santa Catarina, Ideli Salvatti (PT-SC) tenta se garantir na presidência da Comissão de Infraestrutura, mas Valdir Raupp (PMDB-RO) também cobiça o posto. Ele tentou convencer Ideli a ficar com a Comissão de Educação. "No meu Estado, eu sempre tive a "cara de Educação". Ser conhecida por atuar na área de infraestrutura fará toda a diferença na minha campanha", disse Ideli, ex-professora.
Na Mesa, o PT indicou Serys Slhessarenko (MT), que enfrentará disputa acirrada ao tentar se reeleger em 2010.
Como Ideli, Raupp, que disputará a reeleição, admitiu que os holofotes da comissão podem ajudar no processo eleitoral. "Se você fizer um bom trabalho, sem dúvida que dá resultado [eleitoral]." Este ano, a Infraestrutura irá acompanhar as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Também há conflito pela CRE (Comissão de Relações Exteriores). O PSDB já anunciou que quer comandá-la, mas a vaga é reivindicada pelo PTB. O indicado petebista é o ex-presidente Fernando Collor (AL), que ameaça disputar no voto com Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que tentará a reeleição.
Presidentes de comissões ganham o direito de nomear três assessores extras, além dos que eles já têm nos gabinetes. Na Mesa, os secretários ganham o direito a até 92 cargos a mais.
Foi pensando em 2010 que Marconi Perillo (PSDB-GO) fez questão de se tornar primeiro vice-presidente do Senado. Ele tentará voltar ao governo do Estado, quando poderá enfrentar o atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Outro que conseguiu uma vaga na Mesa foi Mão Santa (PMDB-PI), que deve disputar em 2010 com Heráclito Fortes (DEM-PI), o novo primeiro-secretário, e o atual governador Wellington Dias (PT).
Entre os tucanos, quem não conseguiu garantir espaço foi Tasso Jereissati (PSDB-CE), cujo mandato também se encerra no ano que vem. Ele queria presidir a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), mas foi barrado pelo PMDB, partido que tem maior bancada da Casa e que pode abrigar Garibaldi Alves (PMDB-RN) no posto.
No duelo pelas comissões, Demóstenes Torres (GO), que também tentará a reeleição, bateu o pé. Ele chegou a ameaçar deixar o partido caso não ficasse com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça.


Texto Anterior: Em nota, DEM pede a deputado que deixe cargo na Mesa Diretora
Próximo Texto: Lula testa Dilma e Geddel no palanque
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.