São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

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Plano petista prevê guinada à esquerda

Documento que pode servir de base para projeto de governo de Dilma prega maior presença do Estado na economia

Segundo Pimentel, que integra coordenação de pré-campanha, texto ainda será analisado pela Executiva e contem apenas diretrizes


Daniel Marengo/AgênciaRBS
Acompanhada do presidente Lula, Dilma participa de abertura de 1ª fábrica de chips do país, no RS

DA REPORTAGEM LOCAL

Um documento interno do PT que pode servir de base para o plano de governo da pré-candidata do partido, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), prega uma maior presença do Estado na economia e tem propostas à esquerda do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Com diretrizes para um plano de governo, o texto intitulado "A Grande Transformação" foi apresentado na reunião da Executiva Nacional do partido em Brasília, nessa semana. O texto, divulgado ontem pelo jornal "O Estado de S.Paulo", deverá receber modificações dos dirigentes antes de ser apresentado no 4º Congresso Nacional do PT, de 18 a 20 de fevereiro -evento que aclamará Dilma candidata ao Planalto.
"É um projeto inicial de diretriz, que ainda será debatido pela executiva e emendado no congresso [do partido]. É um projeto do PT, não significa que vai ser o programa de Dilma", afirmou o presidente eleito do partido, José Eduardo Dutra.
Chamado de "versão nº 1", o texto é endereçado "à sociedade brasileira e aos partidos que integram a coligação que apoia a candidatura" Dilma Rousseff.
"Vamos compor com os outros partidos. Quem vai determinar o programa de governo é a própria Dilma", disse Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara. Ele rechaça uma "guinada à esquerda".
"A chance de ser aprovado como está é zero", diz Jorge Coelho, um dos vice-presidentes da sigla. A proposta apresentada é fortalecer empresas estatais e aumentar as políticas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além de agências federais, como Embrapa e ABDI.
Em um dos trechos, o documento afirma que "A ação do governo Dilma privilegiará o fortalecimento do Estado, sua democratização, mediante a constituição de uma burocracia de alta qualidade".
O texto afirma que "a próxima presidente" receberá uma "herança bendita", "ao contrário daquela que o presidente Lula recebeu". Lula cunhou, em 2002, a expressão "herança maldita", para atacar o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Há outros ataques à era tucana, como citação de que uma liderança do governo passado teria dito que "devíamos [o Brasil] conformar-nos em ser um ator secundário" no mundo.
O texto foi coordenado pelo assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
"São diretrizes de programa de governo. Na disputa política, o item de comparação entre governos será grande", afirmou o deputado Jilmar Tatto.
"Este é um documento da burocracia do PT, que será analisado pela Executiva, pelo Congresso do partido. São apenas diretrizes, enquanto o programa de governo será negociado com todas as forças que nos apoiarão. Portanto, são várias etapas", afirmou o ex-prefeito Fernando Pimentel, que integra o núcleo de coordenação da pré-campanha de Dilma.
Os aliados mais próximos da ministrar afirmam que ela sequer chegou a ler o documento.


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