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SÃO PAULO
Ao menos 22 comissões estavam relacionadas a
atos do governador Geraldo Alckmin; presidente da Casa nega culpa
Nos últimos dois anos, tucanos abortaram 48 CPIs na Assembléia
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos dois anos, sob a administração do deputado Sidney
Beraldo (PSDB), a Assembléia Legislativa de São Paulo não discutiu nenhuma das 48 CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito)
apresentadas pelos parlamentares. Do total, pelo menos 22 questionavam atos relacionados ao
governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB).
Foram abortadas investigações
sobre a atuação de grupos de extermínio liderados por policiais, a
exploração sexual de menores, a
prática de tortura dentro da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) e alguns consórcios firmados entre o Estado e
empresas privatizadas.
Em entrevista gravada, o atual
presidente, que deixará o cargo
no próximo dia 15 -quando será
eleito seu sucessor-, disse que os
trabalhos na Casa ficaram emperrados por falta de acordo entre líderes partidários.
"A culpa não é minha. Posso ter
uma parte da culpa, mas não toda.
Talvez pudesse ter conseguido o
entendimento entre os líderes, o
que não consegui", disse Beraldo.
A CPI é um dos principais instrumentos de fiscalização da Assembléia Legislativa. Normalmente, os pedidos de instalação
são feitos após o parlamentar receber alguma denúncia de irregularidade que atinja o Estado de
São Paulo. Para a apresentação do
pedido, exige-se a assinatura de
um terço dos 94 deputados.
"No caso da CPI sobre grupos
de extermínio, consegui mais de
70 assinaturas. Nem assim o projeto foi levado em conta", disse o
deputado Romeu Tuma (PPS).
Para ele, Beraldo não conseguiu
separar os interesses da Assembléia com os do governo do Estado. "O governo não tem interesse
em deixar a Assembléia funcionar
de forma independente e foi assim nos últimos dois anos."
Em gestões anteriores, também
tucanas, cinco CPIs funcionavam
simultaneamente -limite permitido pelo Regimento Interno da
Casa. Com Vanderley Macris, entre 1999 e 2001, foram instaladas
nove CPIs (Precatórios, Narcotráfico, Pedágios e outras). Com
Walter Feldman, entre 2001 a
2003, além de quatro comissões
herdadas da gestão anterior, foram criadas outras duas.
"Não existe nenhum argumento para defender o funcionamento da Assembléia Legislativa nestes últimos dois anos. Cabe ao
presidente da Casa articular a instalação de uma CPI, e isso nunca
foi feito", afirmou o líder do PT
Cândido Vaccarezza.
Segundo o petista, além da inexistência de CPIs, projetos que
não interessam aos tucanos também foram excluídos de qualquer
discussão.
Beraldo disse que a Assembléia
não perdeu a autonomia durante
a sua gestão. "O problema é que a
CPI virou uma disputa política.
Eu sempre procurei agir com independência. Votamos projetos
de interesse não do governo, mas
do Estado de São Paulo." A assessoria de Alckmin disse que o governador não comentaria as declarações dos deputados.
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