São Paulo, domingo, 06 de março de 2005

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Ex-presidentes negam acusações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros refutou as acusações feitas pelo Ministério Público. Ele disse que os procuradores nunca o ouviram sobre o caso e que as receitas da instituição foram afetadas pela variação cambial de 1999 e não em razão do financiamento de US$ 888 milhões concedido à época.
"Quanto à ação de improbidade ajuizada pelos procuradores, é importante dizer que, até agora, nós, os acusados, não fomos ouvidos em nenhum momento do processo. Felizmente, um desembargador do Tribunal Regional [Federal] de São Paulo trancou a ação até que a juíza federal encarregada do caso [na primeira instância] ouça nossa defesa. Parece incrível, mas processos judiciais como este ainda ocorrem em nosso país", disse Mendonça de Barros, por e-mail enviado a Folha.
Segundo ele, o Pepe, questionado na ação, seguiu "os mesmos procedimentos definidos no Programa Nacional de Privatização" e tudo "era realizado sob escrutínio dos órgãos de fiscalização nos Estados e submetido a um número incrível de ações na Justiça". Observados tais procedimentos, ainda segundo ele, "não cabe a acusação de que o BNDES tinha como objetivo realizar privatizações com a máxima brevidade possível, adotando por isso um comportamento descuidado".
Mendonça de Barros reafirma que "não houve negligência nenhuma na aprovação da operação e as acusações dos procuradores não se sustentam nos fatos".
Por fim, nega que o BNDES tenha sofrido prejuízos ao entrar na privatização da Eletropaulo.
"O que de fato aconteceu foi que, em 2002, o real desvalorizou-se mais de 50% em relação ao dólar e, em 2003, valorizou-se 18%. Em 2002, o real, mais fraco, aumentou as receitas e despesas do banco, por conta da correção cambial de seus ativos indexados ao dólar; já em 2003, o real, fortalecido, diminuiu as receitas e despesas, por conta do mesmo fenômeno, com sinais trocados, que afetaram as contas de 2002. Foi esse comportamento extremo do valor do dólar que afetou as contas do BNDES, levando a esse comentário irresponsável, de um técnico anônimo, e que foi usado pelos procuradores para nos acusar. Uma vergonha."
Segundo o ex-presidente do BNDES Andrea Calabi (99-2000), "a venda [da Eletropaulo] foi muito cuidadosa do ponto de vista do banco. Todas as decisões foram colegiadas e respeitaram as normas que fazem do BNDES uma instituição sólida". Calabi considera a ação "estapafúrdia".
Na tarde de sexta-feira, a Folha não conseguiu falar com Francisco Gros. José Pio Borges não quis comentar o assunto.


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