São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/REGRAS DO JOGO

Se STF vetar fim da regra que limita alianças, congressistas devem apresentar nova emenda constitucional para alterar decisão

Congresso articula pelo fim da verticalização

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se a emenda constitucional que derruba a verticalização for vetada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), deputados e senadores cogitam apresentar uma nova alteração no texto da Carta. Querem mudar o conceito da anualidade, segundo o qual regras eleitorais devem ser aprovadas pelo menos um ano antes do pleito.
Indagado sobre qual a saída no caso de o STF considerar inválida a emenda constitucional que derruba a verticalização, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse o seguinte: "Há quem defenda que se altere então a razão da interpretação. Que se altere então o prazo".
Conhecido pela cautela com que formula seus comentários, Aldo pondera: "Acho que não precisaremos chegar a tanto, porém, só depende dos deputados e dos senadores. Mas esse seria um caminho de muita tensão".
Sem admitir que essa saída -uma nova emenda constitucional aprovada em prazo-relâmpago- seria uma ameaça ao Supremo, Aldo Rebelo deixou no ar que a disputa entre o Legislativo e o Judiciário em relação à verticalização demorará a acabar.
Autor de um mandado de segurança no STF contra a emenda constitucional que derruba a verticalização, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) acredita que essa eventual nova mudança seria ineficaz para a eleição deste ano.
"Para começar, seria o reconhecimento da inconstitucionalidade da emenda já aprovada. Mas a nova emenda também seria inconstitucional. Fere um direito individual -o de o eleitor conhecer as regras um ano antes-, o que é uma cláusula pétrea. No fundo, o que se observa é um grande desrespeito à Constituição na forma de um golpe parlamentar."
A PEC (proposta de emenda constitucional) nš 548 foi aprovada em definitivo no dia 8 do mês passado. Deve ser promulgada amanhã, após reunião à tarde de Rebelo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e todos os líderes partidários.
Enquanto isso, o Supremo se prepara para julgar a ação movida por Miro Teixeira. No momento em que a emenda for promulgada, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também vai recorrer contra a emenda.
No caso do mandado de segurança de Miro Teixeira, o relator no STF é o ministro Cezar Peluso. Sua intenção é apresentar seu voto na quinta-feira, quando o caso pode ser encerrado. Segundo a Folha apurou, são reais as chances de o Supremo derrubar a validade da emenda constitucional para a eleição deste ano. Dessa forma, a verticalização só seria de fato anulada a partir de 2010.
A celeuma começou em 2002, quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi consultado para dizer se a Constituição determinava, de fato, a verticalização. A resposta foi positiva.
Embora a Constituição tenha sido promulgada em 1988, a regra nunca havia sido respeitada. Já em 2002 os políticos foram informados de que ela teria de valer imediatamente: alianças para presidente da República tiveram de ser respeitadas nos 26 Estados e no Distrito Federal.
Em 2005, o nanico PSL indagou novamente ao TSE se a verticalização ainda vale. A resposta foi positiva. Ocorre que vários ministros do TSE já sinalizaram que uma nova regra não pode ser criada a menos de um ano da eleição.


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