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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Homenagem tucana ao governador morto há cinco anos vai mobilizar defesa da ética e deve ser aproveitada pelo grupo de Alckmin
PSDB usa Covas pela unidade e contra Lula
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para além da efeméride, o aniversário dos cinco anos da morte
de Mário Covas (1930-2001) será
palco da mais acalorada discussão
no PSDB: a disputa de José Serra e
Geraldo Alckmin pela condição
de candidato tucano à Presidência da República. Reunida em São
Paulo, a cúpula do partido vai se
esforçar para concluir a indicação
do candidato ainda nesta semana.
De acordo com serristas, o presidente do partido, Tasso Jereissati (CE), até antecipou em um dia
sua viagem a São Paulo e se encontrou ontem mesmo com o
prefeito para análise das condições de sua eventual candidatura
à Presidência. Assim, escapariam
dos holofotes. Os dois marcaram
a conversa na sexta-feira.
Entre hoje e amanhã, Tasso deve aproveitar a presença dos tucanos em São Paulo para consultá-los e conversar com Alckmin. A
torcida é para que o processo esteja encerrado na quarta-feira, mas,
apesar de o prefeito dar sinais de
apetite pela disputa, alguns aliados acreditam que ele vá tentar
prorrogar o prazo de escolha.
A homenagem também servirá
para o PSDB criticar o governo
Lula no campo ético e tentar demonstrar união em meio à disputa interna. Com o apoio do governo do Estado, um grande ato está
programado para a Sala São Paulo
a partir das 18h30 de hoje. Ele terá
a presença de tucanos históricos e
da cúpula do partido, fundado em
1988. Além de Tasso, Alckmin e
Serra, confirmaram presença o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e parlamentares.
A idéia é transformar o ato em
uma espécie de libelo tucano pela
moralidade na política, em contraponto à gestão petista no Planalto, alvo de duas CPIs.
Mas, se depender do grupo aliado a Alckmin, que ainda aposta
na desistência de Serra, o evento
será também a plataforma de lançamento do governador -o que
conflita com a pretensão tucana
de passar a imagem de harmonia.
Figura ética
Deputado federal por três mandatos, senador, prefeito de São
Paulo e governador do Estado até
sua morte, em 6 de março de 2001,
Covas é, para tucanos, um exemplo de figura pública pautada pela
conduta ética. No discurso, Alckmin enfatizará esse aspecto de sua
biografia, além de outros pontos,
como a eficiência administrativa.
Pela manhã, haverá missa e visita
ao túmulo do governador em
Santos, terra natal de Covas.
"Covas é o exemplo a ser seguido, principalmente agora, quando o atual governo não sabe a diferença entre o público e o privado", diz Gustavo Fruet (PR), integrante da CPI dos Correios que
estará na homenagem.
Embora seja uma tentativa de
demonstrar unidade partidária,
os eventos em memória do governador devem favorecer Alckmin,
vice de Covas em 1994 e 1998 e que
assumiria o Estado em 2001, com
a doença e morte do tucano. Em
2002, Alckmin foi reeleito.
Para alckmistas, o evento é uma
maneira de ele se firmar como o
sucessor do homenageado, já que
conquistou o apoio da viúva, dona Lila Covas, e de seu grupo.
No fim do discurso, Alckmin
apontará os alicerces de seu plano
de governo caso seja escolhido
candidato tucano. Está previsto
ainda um balanço dos 12 anos da
gestão do PSDB no Estado.
Reta final
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), esperava que o candidato estivesse definido após o
Carnaval. A hesitação de Serra,
que passou a semana na Argentina e até ontem não havia decidido
se deixa a prefeitura, atrasou o
processo. Tucanos se preocupam
com o desgaste da saída e com as
seqüelas da disputa interna.
Enquanto isso, Alckmin e seus
aliados negociam com o PSDB e o
PFL as condições para sua candidatura. Internamente, o governador, aconselhado por FHC, sinalizará a Serra que, se eleito, enviará
ao Congresso projeto pelo fim da
reeleição, o que daria condições
de o prefeito disputar em 2010.
Com o PFL, a conversa se dá em
termos da sucessão de Alckmin e
do posto de vice em sua chapa a
presidente. O pefelista Cláudio
Lembo herdará o governo e, se
quiser, poderá lançar um nome
do partido na disputa paulista.
No PFL, o principal esteio de
Alckmin têm sido os senadores
Antonio Carlos Magalhães (BA) e
Marco Maciel (PE), mas falta quebrar as resistências de César Maia,
prefeito do Rio e amigo de Serra.
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