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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Nos bastidores
Convertido em espectador do julgamento histórico
sobre o uso de células-tronco embrionárias, iniciado
ontem no STF, o ex-procurador-geral da República
Cláudio Fonteles fazia questão de defender a ação direta de inconstitucionalidade de sua autoria e de devolver os petardos contra ele lançados pelos defensores da liberação das pesquisas.
Fonteles rebateu a bola para José Gomes Temporão. Disse que o ministro da Saúde comete uma "barbeiragem" ao não criar "imediatamente" bancos públicos de coleta de cordão umbilical, em seu entender
uma fonte "mais viável" de células-tronco, que não
exige o "sacrifício de vida nenhuma".
Pegadinha. Fonteles ostentava na lapela do paletó
um broche com a Cruz de
Malta. Aos desavisados que
lhe perguntavam se era um
ornamento católico explicava: "Fiz de propósito. É o símbolo do Vasco, para festejar a
queda do Eurico Miranda".
Bardo. A verve poética que
pontuou o relatório e o voto
do ministro Carlos Ayres de
Britto mereceu sorrisos aprovadores do colega Marco Aurélio de Mello e uma citação
elogiosa do advogado Ives
Gandra Martins, representante da CNBB no julgamento. Britto recorreu a um trecho de "Hamlet", a Fernando
Pessoa e até a Tom Zé.
Crenças à parte. O advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, evitou a questão
religiosa em sua sustentação
oral. A despeito de defender a
pesquisa com células de embriões, declara-se católico
praticante: "Vou à missa todo
domingo, tenho irmão padre,
acredito em céu e inferno".
Off-line. Escaldados pelo
vazamento de suas mensagens no julgamento do mensalão, Ricardo Lewandowski e
Cármen Lúcia preferiram
deixar os laptops fechados.
Eros Grau, Gilmar Mendes e
Joaquim Barbosa navegaram
à vontade, mas com os fotógrafos mantidos à distância.
Pop. A platéia de ontem bateu de longe a do julgamento
do mensalão. Não bastasse o
plenário lotado, dois telões foram colocados no saguão do
STF para o público, que se
sentou no chão para assistir.
Munição 1. No esforço para defender o governo na vindoura CPI dos Cartões Corporativos, parlamentares colecionam, além de exemplos
de gastos da gestão FHC, dados sobre as despesas feitas
por outros braços da União.
Munição 2. No ano passado, a Justiça Eleitoral liderou
o Judiciário em gastos com
suprimento de fundos (R$
2.511.900), seguida de perto
pela Justiça do Trabalho (R$
2.467.500). Depois, veio a
Justiça Federal (1.470.700).
Next. Frustrada pelo depoimento morno de Jorge Lorenzetti na CPI das ONGs, a
oposição investigará sua atuação como assessor de organizações não-governamentais
na Holanda em 2003 e 2004.
Companheiros. Em agosto de 2003, ao discursar no
Pará, Lula saudou a platéia
em que estavam seu churrasqueiro e representantes da organização holandesa ICCO.
"Queria cumprimentar os
companheiros da ICCO, o
companheiro Lorenzetti..."
Emboscada. Convidado
para audiência na Comissão
de Agricultura do Senado, o
presidente do Incra, Rolf
Rackbart, foi massacrado pelos ruralistas Kátia Abreu
(DEM-TO), Osmar Dias
(PDT-PR), Valter Pereira
(PMDB-MS) e Flexa Ribeiro
(PSDB-PA). Com a Casa mobilizada em torno de CPIs e
pela votação do Orçamento, o
governo se "esqueceu" de enviar socorro ao petista.
Jóquei. De um político adversário, sob o impacto do
lançamento da candidatura
de Fernando Gabeira (PV) à
Prefeitura do Rio de Janeiro:
"É cavalo que larga em último
e vai ganhar a corrida".
Tiroteio
"Vamos ver se a partir de agora o Ministério
do Trabalho será coerente com o pensamento
do presidente, ou se é ele quem mudará
de discurso conforme a platéia."
De KÁTIA ABREU (DEM-TO), sobre a declaração de Lula minimizando
relatos de condições degradantes de trabalho no país, posição
desde sempre defendida pela senadora oposicionista.
Contraponto
Ponto de vista
Ao defender a constitucionalidade do uso de células-tronco de embriões humanos para pesquisas, o advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, discorreu sobre o
papel do Estado e a ética da responsabilidade. Acabou falando além dos 15 minutos de que dispunha.
-Doutor Toffoli, conclua. Seu tempo terminou-, advertiu a presidente do Supremo, Ellen Gracie.
O advogado-geral se espantou com o alerta.
-Vossa Excelência me desculpe. Eu estava acompanhando as luzes, mas elas não se acenderam.
Inflexível, a ministra insistiu:
-As suas estão falhando. As minhas já se acenderam.
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