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Lupi planeja deixar comando do PDT, que já controla pasta
Ministro do Trabalho só anunciará decisão de sair da presidência na próxima semana
Postos-chave de ministério foram loteados entre vice-presidentes, ex-deputado e tesoureiro da sigla; Lupi diz se amparar na Constituição
JULIANNA SOFIA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A licença do ministro Carlos
Lupi da presidência do PDT
não alterará a forma de atuação
da sigla dentro do Ministério
do Trabalho. Desde que assumiu a pasta, em abril do ano
passado, Lupi loteou os postos-chave do ministério com integrantes da máquina do PDT.
Lupi reuniu-se ontem com a
Executiva do partido e parlamentares e definiu a estratégia
para deixar o comando do PDT.
A decisão deve ser anunciada
até o início da próxima semana,
depois que ele tiver uma conversa com o novo presidente da
Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence. A comissão
considerou incompatível a permanência dele na presidência
do PDT e no ministério.
No Trabalho, a secretaria
com o maior orçamento, a de
Políticas Públicas de Emprego,
é chefiada por Ezequiel Nascimento, um dos vice-presidentes do PDT no Distrito Federal.
A SPPE é responsável pelo controle do pagamento bilionário
do seguro-desemprego e do
abono salarial a trabalhadores.
Além disso, as atribuições da
secretaria incluem a liberação e
o acompanhamento dos convênios da pasta com prefeituras,
governos estaduais e ONGs. Esses convênios são o foco de denúncias contra Lupi, por favorecimento do PDT.
A Secretaria Executiva do
ministério também é ocupada
por um pedetista, o ex-deputado André Figueiredo, integrante do Diretório Nacional do
PDT. Ele substitui o ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa, que deixou a vaga, mas não o
ministério. Vice-presidente regional do partido, ele é um dos
assessores especiais de Lupi.
Marcelo Panella, tesoureiro
do PDT, é outro a exercer funções na pasta. Como chefe-de-gabinete, tem sob sua supervisão a agenda diária de Lupi, inclusive a seleção de pessoas a
serem recebidas em audiência.
Outro nome oriundo do PDT
é o de Renato Ludwig de Souza
-atual diretor do Departamento de Políticas de Trabalho e
Emprego para a Juventude.
Procurado pela Folha, o Ministério do Trabalho informou
por nota que, conforme a Constituição, os cargos em comissão
do ministério "são de livre provimento do titular da pasta, no
caso o ministro Carlos Lupi".
O ministério acrescentou
que existem 434 cargos dessa
natureza e que respeita a cota
obrigatória de 75% a ser preenchida por servidores de carreira. A nota cita o artigo 5º da
Constituição: "Ninguém será
privado de direitos por motivo
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política".
Apesar de ter ingressado no
ministério antes da chegada de
Lupi, o sindicalista Luiz Antônio de Medeiros ocupa a Secretaria de Relações do Trabalho
com o apoio do ministro. Sua
defesa, porém, vem sobretudo
da Força Sindical, cujo presidente é Paulo Pereira da Silva
(PDT). Medeiros foi o antecessor de Paulinho no comando da
central e fundador da entidade.
A vaga dele é contabilizada na
cota de Lula, que lhe entregou
o posto como gratidão por sua
atuação na reeleição.
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