São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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Lupi planeja deixar comando do PDT, que já controla pasta

Ministro do Trabalho só anunciará decisão de sair da presidência na próxima semana

Postos-chave de ministério foram loteados entre vice-presidentes, ex-deputado e tesoureiro da sigla; Lupi diz se amparar na Constituição

JULIANNA SOFIA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A licença do ministro Carlos Lupi da presidência do PDT não alterará a forma de atuação da sigla dentro do Ministério do Trabalho. Desde que assumiu a pasta, em abril do ano passado, Lupi loteou os postos-chave do ministério com integrantes da máquina do PDT.
Lupi reuniu-se ontem com a Executiva do partido e parlamentares e definiu a estratégia para deixar o comando do PDT. A decisão deve ser anunciada até o início da próxima semana, depois que ele tiver uma conversa com o novo presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence. A comissão considerou incompatível a permanência dele na presidência do PDT e no ministério.
No Trabalho, a secretaria com o maior orçamento, a de Políticas Públicas de Emprego, é chefiada por Ezequiel Nascimento, um dos vice-presidentes do PDT no Distrito Federal. A SPPE é responsável pelo controle do pagamento bilionário do seguro-desemprego e do abono salarial a trabalhadores.
Além disso, as atribuições da secretaria incluem a liberação e o acompanhamento dos convênios da pasta com prefeituras, governos estaduais e ONGs. Esses convênios são o foco de denúncias contra Lupi, por favorecimento do PDT.
A Secretaria Executiva do ministério também é ocupada por um pedetista, o ex-deputado André Figueiredo, integrante do Diretório Nacional do PDT. Ele substitui o ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa, que deixou a vaga, mas não o ministério. Vice-presidente regional do partido, ele é um dos assessores especiais de Lupi.
Marcelo Panella, tesoureiro do PDT, é outro a exercer funções na pasta. Como chefe-de-gabinete, tem sob sua supervisão a agenda diária de Lupi, inclusive a seleção de pessoas a serem recebidas em audiência.
Outro nome oriundo do PDT é o de Renato Ludwig de Souza -atual diretor do Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude.
Procurado pela Folha, o Ministério do Trabalho informou por nota que, conforme a Constituição, os cargos em comissão do ministério "são de livre provimento do titular da pasta, no caso o ministro Carlos Lupi".
O ministério acrescentou que existem 434 cargos dessa natureza e que respeita a cota obrigatória de 75% a ser preenchida por servidores de carreira. A nota cita o artigo 5º da Constituição: "Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política".
Apesar de ter ingressado no ministério antes da chegada de Lupi, o sindicalista Luiz Antônio de Medeiros ocupa a Secretaria de Relações do Trabalho com o apoio do ministro. Sua defesa, porém, vem sobretudo da Força Sindical, cujo presidente é Paulo Pereira da Silva (PDT). Medeiros foi o antecessor de Paulinho no comando da central e fundador da entidade. A vaga dele é contabilizada na cota de Lula, que lhe entregou o posto como gratidão por sua atuação na reeleição.


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