São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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Sigla controla 18 superintendências regionais

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao deixar a presidência do PDT, o ministro Carlos Lupi não deixará o partido fora do ministério. Levantamento da Folha aponta que, dos 27 superintendentes regionais -cargo mais alto do ministério nos Estados-, Lupi trocou 21. Desses, ao menos 18 são filiados ou indicados por alguém do PDT.
Entre os beneficiados com cargos há membros da cúpula do PDT nos Estados e candidatos derrotados nas eleições de 2004 e 2006. A mudança nas chefias foi acompanhada por um aumento do poder de atuação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) -antiga Delegacia Regional do Trabalho (DRT).
Em janeiro deste ano, o presidente Lula e o ministro Lupi assinaram o decreto nº 6.341, que atribui à SRTE a responsabilidade pela "execução, supervisão e monitoramento" de todas as políticas públicas do Ministério do Trabalho, inclusive dos convênios que teriam sido firmados para favorecer entidades ligadas ao PDT.
Até então, a principal função do órgão era fiscalizar as condições de saúde e ambiente do trabalhador e intermediar negociações trabalhistas. "Antes éramos o braço do Ministério do Trabalho nos Estados, hoje somos o próprio ministério", diz Lucíola Rodrigues Jaime, superintendente regional de São Paulo, que não é do PDT.
O ministro, que nega as acusações, cancelou alguns convênios e prometeu o retorno dos recursos destinados às entidades ao erário. Em nota, o Ministério do Trabalho informou que os cargos são de livre provimento e que o órgão respeita a cota obrigatória de 75% a ser preenchida por servidores de carreira. A assessoria não respondeu às perguntas na sexta.
São filiados ao PDT os superintendentes de Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Tocantins. Na Bahia, Norma Nascimento Pereira não é filiada, mas foi indicada pelo deputado federal Severiano Alves (PDT). "O fato de ser um cargo político não interfere em nosso trabalho", diz o superintendente da Paraíba, Inácio Machado de Souza. Três meses após ser indicado, ele se filiou: "Concordei com a ideologia do PDT, não teve pressão".
Do Acre, Manoel Rodrigues de Souza Neto, 49, do PV, é um dos poucos remanescentes da gestão anterior a Lupi: "Nunca toquei nesse assunto com o ministro. Enquanto isso, eu vou ficando". (LILIAN CHRISTOFOLETTI E JULIANNA SOFIA)


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