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NAZISMO
Responsável por livro que nega holocausto permanece em liberdade por ser primário
STF condena editor por racismo
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
O STF (Supremo Tribunal Federal) condenou o proprietário
da Editora Revisão, Siegfried Ellwanger, 71, a dois anos de reclusão por crime de incitação ao racismo. Por ser primário, ele ficará
em liberdade. O editor obteve a
suspensão condicional da pena,
mas terá de prestar serviços à comunidade.
Em seu livro "Holocausto: Judeu ou Alemão -Nos Bastidores
da Mentira do Século", Ellwanger
rechaça a existência de campos de
concentração e a morte de 6 milhões de judeus na 2ª Guerra
Mundial. O livro defende que as
vítimas foram os alemães.
Trata-se do primeiro caso de
condenação definitiva por anti-semitismo na América Latina, segundo o MJDH (Movimento de
Justiça e Direitos Humanos) do
Rio Grande do Sul. Como o STF é
a última instância da Justiça, Ellwanger não há mais recurso.
Com a condenação, ele deixa de
ser primário. Ele é réu em outros
processos, o que poderá determinar sua prisão em caso de nova
condenação. O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Jair
Krischke, disse ontem que duas
outras ações, a respeito de outros
livros, já estão na Justiça.
Além de "Holocausto: Judeu ou
Alemão", a Revisão publicou "Os
Protocolos dos Sábios de Sião",
"O Judeu Internacional", "Brasil:
Colônia de Banqueiros", "Os
Conquistadores do Mundo -Os
Verdadeiros Criminosos de
Guerra" e "Hitler: Culpado ou
Inocente?".
Procurado pela Agência Folha,
Ellwanger se recusou a falar por
telefone e pediu para que a reportagem encaminhasse perguntas
por fax. Até o fechamento desta
edição, não havia respondido.
Ellwanger foi acusado de racismo pela primeira vez em 1989. No
dia 31 de outubro de 1999, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul decidiu pela condenação, confirmada pelo STF. A sentença, dada no dia 14 de março, foi publicada no último dia 22.
Trechos
Em "Holocausto: Judeu ou Alemão", Ellwanger diz que os judeus "lutam contra nós mais eficazmente que os exércitos inimigos. (...) É de lamentar que todo
Estado, há tempo, não os tenha
perseguido como a peste da sociedade e como os maiores inimigos
da felicidade da América" (p.59).
Sobre o médico Joseph Mengele: "O dr.Mengele era, na realidade, uma pessoa de elevadíssima
instrução e cultura (...) Descobri
que essa figura, acusada como
frio assassino até de crianças, não
matava nem galinha" (p.170).
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