São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Em depoimento à CPI do Rio de Janeiro, empresário de jogos diz que não participou de conspiração contra o governo federal

Cachoeira nega ter sofrido pressão de Santoro

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

Em depoimento ontem à CPI da Assembléia Legislativa do Rio, o empresário de jogos Carlos Augusto de Almeida Ramos, 40, o Carlinhos Cachoeira, afirmou que não "foi pressionado" pelo Ministério Público Federal e não participou de "uma conspiração contra o governo" federal quando se reuniu em Brasília com o subprocurador da República José Roberto Santoro, em fevereiro último.
A conversa com Santoro foi gravada. Cachoeira negou pelo menos quatro vezes à CPI que tenha feito a gravação e mandado entregar a fita à imprensa.
O presidente da CPI, Alessandro Calazans (PV), alertou o empresário de jogos sobre o crime de falso testemunho, previsto no artigo 342 do Código Penal, com pena de reclusão de um a três anos, mas Cachoeira manteve a versão.
Quando foi questionado sobre os objetivos das reuniões, Cachoeira disse que ficaria calado.
Trechos da fita foram divulgados no último dia 30 pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo, que informou ter recebido a gravação de um emissário de Cachoeira.
Santoro demonstra, na gravação, saber que a investigação sobre o ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz atingiria o ministro José Dirceu (Casa Civil) e o governo. O subprocurador tentava convencer Cachoeira a entregar cópia de gravação de 2002 na qual Waldomiro, então presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), pede propina e dinheiro para campanhas.
A CPI investiga suposta fraude na Loterj em 2001 e 2002. Alegando temer por sua segurança, o empresário de jogos não foi ao Rio, depôs como testemunha na Assembléia Legislativa de Goiás. O depoimento durou três horas e 20 minutos. Começou às 10h20.
Aos oito deputados membros da CPI, Cachoeira afirmou ter gravado o vídeo com Waldomiro para mostrar que foi vítima de extorsão do então presidente da Loterj. Ele explora jogos no Rio. Assinou contrato com a Loterj em fevereiro de 2002.
Ele disse que ainda tem o original do vídeo e afirmou que não enviou a gravação ao senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). "É uma incógnita", declarou.


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