São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Dossiê começou a ser montado logo depois do Carnaval

Reunião em 8 de fevereiro deu início à definição sobre como seriam organizadas informações dos gastos do governo FHC

Casa Civil não nega a existência dessa reunião, porém não explica como as ordens foram dadas nem como a equipe foi montada

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os primeiros extratos do dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que a Casa Civil chama de banco de dados, foram montados em dez dias.
Segundo a Folha apurou, a primeira reunião de trabalho para definir como o material seria organizado ocorreu logo após o Carnaval, na semana encerrada na sexta-feira, dia 8 de fevereiro.
Da reunião participaram a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, o secretário de Administração, Norberto Temóteo Queiroz, o secretário de Controle Interno, José Aparecido Nunes Pires, a chefe-de-gabinete de Erenice, Maria de La Soledad Castrillo, que também responde pela Dilog (Diretoria de Logística), e o responsável pela Dirof (Diretoria de Orçamento e Finanças), Gilton Saback Maltez.
Na segunda-feira seguinte, 11 de fevereiro, segundo arquivo digital gerado dentro da Casa Civil, ao qual a Folha teve acesso, os trabalhos de desarquivar os documentos do arquivo morto e lançá-los nas planilhas paralelas começaram a ser feitos nas dependências da Dilog. Entre a sexta-feira daquela semana, dia 15, e a segunda-feira da semana seguinte, dia 18, as primeiras cópias em papel dos relatórios parciais do banco de dados paralelo começaram a ser feitas.
Na quarta-feira, dia 20, como depois relatou a Folha, a ministra Dilma Rousseff disse a empresários em um jantar promovido pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) que o governo coletava dados sobre gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso. "Não vamos apanhar quietos", disse ela.

Começo
A Casa Civil reconhece que a ordem para o início da preparação do banco de dados, baseado em um conjunto de planilhas paralelo ao Suprim (Sistema de Controle de Suprimento de Fundos), foi dada por Erenice. A própria Dilma admitiu, em entrevista na semana retrasada, que a direção do trabalho ficou a cargo de sua subordinada direta.
A Casa Civil não nega que tenha havido uma reunião de trabalho logo após o Carnaval. Também não nega que a coordenação dos trabalhos de desarquivar os documentos referentes ao período de 1998 a 2002 e lançá-los nas planilhas paralelas foi delegada a Soledad, chamada pelos colegas de Marisol. Mas nega que Erenice tenha participado dessa reunião e não explica como as ordens foram dadas nem como a equipe foi montada.
Desde a semana retrasada, quando foi divulgada pela Casa Civil nota negando que tivesse havido a reunião com a participação de Erenice, a reportagem encaminhou novas perguntas à Casa Civil sobre o processo de produção do banco de dados paralelo e a participação dos servidores envolvidos na tarefa.
"A Casa Civil, em nota já divulgada à imprensa, informou que está alimentando banco de dados com informações do suprimento de fundos do período de 1998 a 2002, uma vez que já possui, na referida base de dados, as informações de 2003 a 2008. A gestão da base de dados é da Secretaria de Administração e o trabalho envolve áreas de TI (Dirti [Diretoria de Tecnologia da Informação]), Orçamento e Finanças (Dirof) e Logística (Dilog); esclarecemos que o trabalho de organização da base de dados envolve as áreas de TI, Orçamento e Finanças e Logística. Desse modo a digitação das informações está sendo realizada nas dependências da Secretaria de Administração da Casa Civil, no prédio anexo", respondeu a assessoria da Casa Civil na sexta-feira da semana retrasada.
Várias outras perguntas ficaram sem respostas. Não foi comentada, por exemplo, a participação dos demais servidores [com a exceção de Erenice] citados nas perguntas feitas pela reportagem.
Nem por que os gastos de FHC e Ruth Cardoso foram agrupados e listados fora de ordem cronológica. Nem por que foram digitados acompanhados de comentários que extrapolam um mero trabalho burocrático.


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