|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Promotoria move ação contra 4 ex-diretores da Nossa Caixa
Banco teria operado sem contrato formal com agências de publicidade na gestão Alckmin
Ministério Público pede que todos façam ressarcimento de R$ 49,2 milhões aos cofres públicos; empresas também são alvo da ação
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria de Justiça do
Estado de São Paulo moveu
ação de improbidade contra
quatro ex-diretores da Nossa
Caixa, entre os quais dois ex-presidentes do banco, e duas
agências de propaganda contratadas em 2002 para promover ações de marketing e de patrocínio do banco no governo
Geraldo Alckmin (PSDB).
As irregularidades foram reveladas pela Folha numa série
de reportagens publicadas a
partir de dezembro de 2005.
Segundo a acusação, durante
um ano e oito meses, a Nossa
Caixa operou sem contrato formal com as agências Full Jazz
Comunicação e Propaganda
Ltda. e Colucci & Associados
Propaganda Ltda. O Ministério
Público também sustenta que
as agências prestaram serviços
por valores que superam os limites da Lei de Licitações.
A ação, distribuída à 12ª Vara
da Fazenda Pública, foi proposta contra Valdery Frota de Albuquerque, presidente do banco à época dos fatos; Waldin
Rosa de Lima, seu assessor informal; Carlos Eduardo da Silva Monteiro, ex-diretor jurídico e ex-presidente; Jaime de
Castro Junior, ex-gerente de
marketing do banco, e contra
as empresas de propaganda.
O Ministério Público pede
que todos façam o ressarcimento de R$ 49,2 milhões,
além do pagamento de multa
de R$ 98,5 milhões, perdas de
eventuais funções públicas e
suspensão de direitos políticos.
Denúncia anônima enviada à
Promotoria em setembro de
2005 apontava duas suspeitas:
a operação sem contrato, e o fato de que deputados da base
aliada do governo tucano teriam sido beneficiados na distribuição de recursos para publicidade do banco. A ação trata
apenas da primeira suspeita.
Em abril de 2006, o Tribunal
de Contas do Estado rejeitou a
tese de "erro formal" nos contratos com as agências Full
Jazz e Colucci. A tese foi sustentada pelo ex-governador
Alckmin, quando os fatos foram publicados pelo jornal.
Em decisão unânime, o TCE
julgou que houve "afronta à legalidade e moralidade" nos
"ajustes verbais" com as duas
agências. Também entendeu
que houve "desvio de finalidade" na veiculação de anúncios
da Nossa Caixa "em veículos ligados a deputados estaduais".
De acordo com os promotores Roberto Antonio de Almeida Costa e Sérgio Turra Sobrane, da Promotoria de Justiça
do Patrimônio Público e Social,
os contratos entre o banco e as
duas agências de propaganda
foram firmados em 15 de março de 2002, pelo prazo de 18
meses, e deveriam ter vigência
até 14 de setembro de 2003,
mas foram executados até junho de 2005, sem prorrogação
formal dos prazos.
Durante a vigência do contrato, as duas agências prestaram serviços em valores
30,88% maiores que o total
contratado, o que contraria a
Lei de Licitações. Entre setembro de 2003 e junho de 2005,
elas prestaram serviços sem
cobertura contratual no valor
total de R$ 45,5 milhões. A Promotoria pede ainda a anulação
dos atos administrativos.
Texto Anterior: Suposto envio de dinheiro ao Peru será investigado Próximo Texto: Ex-presidente do banco diz que não conhece ação Índice
|