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Dilma diz que tucanos são "lobos em pele de cordeiro"
Em primeiro evento após deixar o governo, petista afirma que oposição é "anti-Lula"
Apesar de subida de tom, ex-ministra diz que PT não vai fazer uso de "terrorismo, crítica baixa, desrespeito e pessoalização" na disputa
Lula Marques/Folha Imagem
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Dilma cumprimenta Alfredo Nascimento, novo presidente do PR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu primeiro ato público
após deixar o governo, Dilma
Rousseff subiu o tom de suas
críticas aos tucanos. Procurou
colar no pré-candidato do
PSDB, José Serra, a imagem de
representante de oposição ao
dizer que os aliados do ex-governador "são e sempre foram
anti-Lula" e representam "lobos em pele de cordeiro".
Fora da Casa Civil há seis
dias, a pré-candidata do PT à
Presidência recebeu ontem em
evento o apoio do PR (Partido
da República), ocasião em que
chamou a oposição de "forças
do atraso", acusando-a de ter
governado somente para os ricos e de ter "quebrado" o país.
Apesar do tom duro, a ex-ministra disse que o partido não
irá patrocinar "terrorismo",
"crítica baixa, desrespeito e
pessoalização" na campanha.
"São lobos em pele de cordeiro, fáceis de identificar. Muitas
vezes as mãozinhas de lobo
aparecem debaixo da pele.
Num dia, dizem que vão continuar o trabalho do presidente
Lula; no outro, mostram as patinhas de lobo e aí ameaçam
acabar com tudo", disse, repetindo a acusação de que a oposição ameaçou acabar com o PAC
e com o Bolsa Família.
"Muito antes de eles poderem encenar o enredo do pós-Lula, eles são e sempre foram
anti-Lula", disse Dilma, numa
referência ao discurso ensaiado
nos últimos dias por Serra.
Em outra linha de ataque
também já usada pelo PT, a ex-ministra afirmou ainda que os
tucanos "quebraram o Brasil" e
foram responsáveis pelo "chamado voo de galinha", quando a
economia não apresenta crescimento sustentável.
"Estamos juntos na luta para
não deixar que aqueles que
sempre governaram o país para
os ricos voltem para excluir os
pobres", acrescentou.
No primeiro ato partidário
de apoio a Dilma, o ex-ministro
Alfredo Nascimento (Transportes) assumiu a presidência
do PR. O PC do B fará o mesmo
depois de amanhã, mas os
apoios só serão oficializados
em junho, quando os partidos
realizarão suas convenções.
Ontem, Dilma trocou por
duas vezes o nome do novo ministro dos Transportes, Paulo
Sérgio -chamou-o de Paulo
César- e derrubou um copo de
água involuntariamente em
jornalistas. Ela fez elogios ao
PR, afirmando que o partido é
aliado "imprescindível".
O ex-governador Anthony
Garotinho, pré-candidato no
Rio, afirmou que recebeu de
Dilma a garantia de tratamento
igual ao que será dado ao candidato governista, Sérgio Cabral
(PMDB), governador do Rio.
Apesar disso, o comando dilmista dava ontem por cancelada a ida da petista ao Rio no
próximo sábado, dia em que
Serra estará em Brasília lançando oficialmente sua campanha. Dilma deve participar de
um evento ao lado de Lula.
Mais cedo, em entrevista a
rádios, Dilma adotou a estratégia de corresponsabilizar Serra
pelo racionamento de energia
de 2001 e 2002.
"Houve uma falha intrínseca
do planejamento. Os responsáveis estão em todos os ministérios que tinham ligação com a
área, tanto o Ministério do Planejamento quanto o de Minas e
Energia", disse Dilma em entrevista à rádio Jovem Pan.
No dia anterior, ela fizera o
mesmo questionamento em
entrevista ao jornal "O Estado
de S. Paulo", ao questionar o
que Serra havia planejado no
período em que comandou o
Planejamento (1995 e 1996).
Dilma tenta diferenciar o racionamento da gestão dos adversários do apagão que afetou
18 Estados em novembro passado. Para ela, o problema hoje
não está na produção de energia, mas na distribuição.
Mas na época ela foi blindada
pelo governo e evitou compromissos para não ter que dar explicações.
(RANIER BRAGON, LARISSA GUIMARÃES E FERNANDA ODILLA)
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