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OUTRO LADO
Lerner volta
a defender
ação policial
da Agência Folha, em Londrina
O governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), voltou a defender ontem a ação policial
que causou a morte do agricultor Antônio Tavares Pereira,
38, na terça-feira, na BR-277,
em Campo Largo, e atacou o
dirigente do MST João Pedro
Stedile.
Lerner disse que vai ingressar
com uma ação na Justiça na
próxima semana contra Stedile, baseado na Lei Afonso Arinos, por comentários considerados racistas e anti-semitas.
Na quarta-feira, Stedile afirmou que o governador deveria
"sentir vergonha" e acusou-o
de ser "o único judeu no mundo que ainda adota métodos
nazistas no governo".
Para Lerner, Stedile é "reincidente" em comentários racistas contra ele. O dirigente do
MST não foi localizado ontem
para comentar a acusação.
Lerner disse que determinou
à Ouvidoria Geral da Polícia
Civil que acompanhe as investigações sobre o confronto,
"pois a sociedade precisa tomar conhecimento do que
aconteceu".
Segundo Lerner, não passa
de "conversa boba" a hipótese
de ele demitir o secretário de
Segurança Pública, José Tavares, que assumiu ter dado ordem para que a PM impedisse a
chegada do MST a Curitiba. O
governador lembrou que Tavares foi um dos deputados federais que aprovou a Constituição de 1988.
Tavares disse ontem que
"desconhecia" a ocorrência do
primeiro conflito entre a PM e
o MST, por volta das 8h, quando Pereira foi baleado. Para ele,
"deve ter havido algum problema", quando PMs e sem-terra
se encontraram. "O policial deve ter disparado de maneira intimidatória", disse
Tavares sustentava que o
confronto havia acontecido
por volta das 10h30, com o uso
exclusivo de balas de borracha
por parte dos policiais.
Ele reconheceu que a direção
das investigações mudou agora
e afirmou que "em nenhum
momento a verdade deixou de
ser perseguida".
O agricultor Antônio Tavares
Pereira foi o 15º sem-terra morto durante os dois mandatos do
governador Jaime Lerner no
Paraná. Segundo levantamento da CPT (Comissão Pastoral
da Terra), além das 15 mortes,
aconteceram 425 prisões de
sem-terra nos dois governos e
314 sem-terra foram feridos.
Mas as baixas não foram só
de integrantes do MST. No
mesmo período, dois seguranças foram mortos em confrontos com sem-terra.
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