São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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OUTRO LADO
Lerner volta a defender ação policial

da Agência Folha, em Londrina

O governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), voltou a defender ontem a ação policial que causou a morte do agricultor Antônio Tavares Pereira, 38, na terça-feira, na BR-277, em Campo Largo, e atacou o dirigente do MST João Pedro Stedile.
Lerner disse que vai ingressar com uma ação na Justiça na próxima semana contra Stedile, baseado na Lei Afonso Arinos, por comentários considerados racistas e anti-semitas.
Na quarta-feira, Stedile afirmou que o governador deveria "sentir vergonha" e acusou-o de ser "o único judeu no mundo que ainda adota métodos nazistas no governo".
Para Lerner, Stedile é "reincidente" em comentários racistas contra ele. O dirigente do MST não foi localizado ontem para comentar a acusação.
Lerner disse que determinou à Ouvidoria Geral da Polícia Civil que acompanhe as investigações sobre o confronto, "pois a sociedade precisa tomar conhecimento do que aconteceu".
Segundo Lerner, não passa de "conversa boba" a hipótese de ele demitir o secretário de Segurança Pública, José Tavares, que assumiu ter dado ordem para que a PM impedisse a chegada do MST a Curitiba. O governador lembrou que Tavares foi um dos deputados federais que aprovou a Constituição de 1988.
Tavares disse ontem que "desconhecia" a ocorrência do primeiro conflito entre a PM e o MST, por volta das 8h, quando Pereira foi baleado. Para ele, "deve ter havido algum problema", quando PMs e sem-terra se encontraram. "O policial deve ter disparado de maneira intimidatória", disse
Tavares sustentava que o confronto havia acontecido por volta das 10h30, com o uso exclusivo de balas de borracha por parte dos policiais.
Ele reconheceu que a direção das investigações mudou agora e afirmou que "em nenhum momento a verdade deixou de ser perseguida".
O agricultor Antônio Tavares Pereira foi o 15º sem-terra morto durante os dois mandatos do governador Jaime Lerner no Paraná. Segundo levantamento da CPT (Comissão Pastoral da Terra), além das 15 mortes, aconteceram 425 prisões de sem-terra nos dois governos e 314 sem-terra foram feridos.
Mas as baixas não foram só de integrantes do MST. No mesmo período, dois seguranças foram mortos em confrontos com sem-terra.


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