DA REDAÇÃO

A mudança do PSDB não passou despercebida ao eleitorado. Pesquisa Datafolha realizada em 19 e 20 de junho do ano passado junto a 11.534 brasileiros de 296 municípios do país revelou que 31% dos eleitores classificam o PSDB como partido de direita.
A massa de votantes que inclui o PSDB na direita do espectro político supera até aquela que diz o mesmo do PPB (Partido Progressista Brasileiro), cuja origem remonta à Arena: só 22% dos eleitores apontam o PPB como direita.
As definições de direita e esquerda variam bastante. Segundo o teórico italiano Norberto Bobbio, a direita acredita que as diferenças entre os homens são insuperáveis, enquanto a esquerda prega a conquista da igualdade. Assim, o conceito de direita está associado à manutenção da desigualdade social, enquanto o de esquerda está ligado à redução ou eliminação das desigualdades.
Os resultados da pesquisa Datafolha mostram que o eleitorado nacional segue uma lógica algo diversa: os partidos que apóiam o governo (PSDB, PFL, PMDB) são de direita, ao passo que a oposição é vista como esquerda.
De fato, 18% dos eleitores disseram que ser de esquerda pressupunha algum tipo de oposição ao governo, e 17% opinaram que ser de direita implicava algum apoio ou participação no governo.
A conceituação desses eleitores já não parece tão distante da definição de Bobbio quando se constata que o governo FHC não atenuou as desigualdades sociais: dados divulgados pelo IBGE no mês passado revelaram que, nos anos 90, a distribuição de renda praticamente não se alterou. Em 1999, os 50% mais pobres só detinham 14% da renda nacional, o mesmo percentual que tinham em 1992.



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