São Paulo, domingo, 06 de maio de 2001

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Candidato da oposição nas eleições internas do partido promete lançar movimento contra Jader, se perder

Risco de "jaderização" divide PMDB gaúcho

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A eleição para a presidência do PMDB gaúcho, marcada para hoje, vai além de uma disputa regional. Ela vai definir se o partido no Rio Grande do Sul se transforma em uma das principais oposições ao presidente do Senado, Jader Barbalho -também atual presidente do PMDB- ou assume a sua "jaderização", termo usado pelos oposicionistas.
Do lado de Jader está o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, que fez forte campanha no interior do Estado para o candidato Cezar Schirmer, que é deputado federal. Na oposição a Jader e Padilha está o ex-governador do Estado Antônio Britto, que tenta emplacar que trabalhou para o seu candidato, o deputado estadual Paulo Odone.
"Essa eleição tem como principal divergência a questão nacional. Na segunda-feira pela manhã, caso vença, Odone começará, a partir do Rio Grande, um movimento de reação contra Jader", disse Britto.
"O PMDB que já foi do Ulisses (Guimarães, ex-deputado federal e presidente nacional do partido) e do Tancredo (Neves, primeiro civil presidente da República após o regime militar, em 1985) não pode ser do Jader."
Britto, que governou o Estado entre 95 e 98, era porta-voz de Tancredo e divulgou sua agonia e morte, pouco após a eleição no Colégio Eleitoral.
Durante a campanha, na qual os candidatos e seus apoiadores mais importantes percorreram o interior do Estado pedindo votos, Britto chegou a telefonar para o presidente Fernando Henrique Cardoso pedindo-lhe que o governo federal não interferisse no processo, em alusão a Padilha.
O momento mais delicado da disputa ocorreu quando, no último dia 19, a comissão eleitoral do partido liberou a realização de propaganda eleitoral e o transporte de eleitores. Odone e Britto reagiram.
Era, segundo Britto, uma "perigosa jaderização do PMDB gaúcho", ligando a expressão ao uso de recursos. "Esse ato liberou dinheiro. Como carro não anda sem gasolina e gasolina não anda sem dinheiro, quem libera carro libera dinheiro", disse.

Simon
Procurado pela Agência Folha, Padilha, que viajou em campanha pelo interior do Estado e fez contatos telefônicos de Brasília, não quis falar sobre a eleição.
A Agência Folha apurou, porém, que o ministro vê outra disputa interna sendo travada no PMDB gaúcho. De um lado, estaria Britto. De outro, o senador Pedro Simon (que também apóia Schirmer) e não Jader.
Candidato lançado à Presidência da República, Simon seria candidato de Padilha, na verdade, ao governo gaúcho, candidatura na qual Britto teria interesse. Os dois negam tal pretensão.
Schirmer, candidato de Padilha, critica a expressão "jaderização" utilizada por Britto. "Todas essas discussões fazem parte do embate eleitoral, mas isso já não está à altura da trajetória do PMDB e dos partidos políticos em geral no Rio Grande do Sul. Temos uma tradição de lisura que é muito bem expressada pelo senador Simon, que felizmente me apóia", afirmou o deputado estadual.
O atual presidente do partido -o ex-ministro Odacyr Klein- tem se mantido neutro.
O PMDB tem 190 mil filiados cadastrados, mas a expectativa é de que no máximo 45 mil pessoas votem. A contagem dos votos será manual e o resultado oficial deve ser divulgado na manhã de segunda-feira.


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