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Candidato da oposição nas eleições internas do partido promete lançar movimento contra Jader, se perder
Risco de "jaderização" divide PMDB gaúcho
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A eleição para a presidência do
PMDB gaúcho, marcada para hoje, vai além de uma disputa regional. Ela vai definir se o partido no
Rio Grande do Sul se transforma
em uma das principais oposições
ao presidente do Senado, Jader
Barbalho -também atual presidente do PMDB- ou assume a
sua "jaderização", termo usado
pelos oposicionistas.
Do lado de Jader está o ministro
dos Transportes, Eliseu Padilha,
que fez forte campanha no interior do Estado para o candidato
Cezar Schirmer, que é deputado
federal. Na oposição a Jader e Padilha está o ex-governador do Estado Antônio Britto, que tenta
emplacar que trabalhou para o
seu candidato, o deputado estadual Paulo Odone.
"Essa eleição tem como principal divergência a questão nacional. Na segunda-feira pela manhã,
caso vença, Odone começará, a
partir do Rio Grande, um movimento de reação contra Jader",
disse Britto.
"O PMDB que já foi do Ulisses
(Guimarães, ex-deputado federal
e presidente nacional do partido)
e do Tancredo (Neves, primeiro
civil presidente da República após
o regime militar, em 1985) não
pode ser do Jader."
Britto, que governou o Estado
entre 95 e 98, era porta-voz de
Tancredo e divulgou sua agonia e
morte, pouco após a eleição no
Colégio Eleitoral.
Durante a campanha, na qual os
candidatos e seus apoiadores
mais importantes percorreram o
interior do Estado pedindo votos,
Britto chegou a telefonar para o
presidente Fernando Henrique
Cardoso pedindo-lhe que o governo federal não interferisse no
processo, em alusão a Padilha.
O momento mais delicado da
disputa ocorreu quando, no último dia 19, a comissão eleitoral do
partido liberou a realização de
propaganda eleitoral e o transporte de eleitores. Odone e Britto
reagiram.
Era, segundo Britto, uma "perigosa jaderização do PMDB gaúcho", ligando a expressão ao uso
de recursos. "Esse ato liberou dinheiro. Como carro não anda sem
gasolina e gasolina não anda sem
dinheiro, quem libera carro libera
dinheiro", disse.
Simon
Procurado pela Agência Folha,
Padilha, que viajou em campanha
pelo interior do Estado e fez contatos telefônicos de Brasília, não
quis falar sobre a eleição.
A Agência Folha apurou, porém, que o ministro vê outra disputa interna sendo travada no
PMDB gaúcho. De um lado, estaria Britto. De outro, o senador Pedro Simon (que também apóia
Schirmer) e não Jader.
Candidato lançado à Presidência da República, Simon seria candidato de Padilha, na verdade, ao
governo gaúcho, candidatura na
qual Britto teria interesse. Os dois
negam tal pretensão.
Schirmer, candidato de Padilha,
critica a expressão "jaderização"
utilizada por Britto. "Todas essas
discussões fazem parte do embate
eleitoral, mas isso já não está à altura da trajetória do PMDB e dos
partidos políticos em geral no Rio
Grande do Sul. Temos uma tradição de lisura que é muito bem expressada pelo senador Simon, que
felizmente me apóia", afirmou o
deputado estadual.
O atual presidente do partido
-o ex-ministro Odacyr Klein-
tem se mantido neutro.
O PMDB tem 190 mil filiados cadastrados, mas a expectativa é de
que no máximo 45 mil pessoas
votem. A contagem dos votos será
manual e o resultado oficial deve
ser divulgado na manhã de segunda-feira.
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