|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Ex-governador admite que denúncias e antecipação da convenção do PMDB tornaram indicação de seu nome inviável, mas diz não desistir
Para Garotinho, só milagre pode salvar a sua candidatura
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Pela primeira vez desde que, no
ano passado, lançou-se em campanha pela indicação à Presidência da República pelo PMDB, o
ex-governador do Rio Anthony
Garotinho admitiu em público
considerar ter pouca chance de
disputar a sucessão do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
A declaração foi feita por Garotinho, em greve de fome desde
domingo na sede do PMDB do
Rio, durante entrevista concedida
ontem, pela manhã, à rádio carioca Tupi AM. "Não tenho mais ilusão, não. Minha candidatura, agora, só [por] um milagre. Não tenho mais ilusão, não."
À tarde, em entrevista coletiva,
Garotinho voltou a abordar a
questão. "Tenho fé, mas só um
milagre pode salvar nossa candidatura. Creio em milagres, por isso vou até o fim", disse.
O pré-candidato afirma ter parado de comer em protesto contra
o que chama de perseguição política orquestrada por inimigos na
política e na imprensa.
Ontem, Garotinho voltou a indicar quem considera inimigo: as
Organizações Globo, a revista
"Veja", os bancos, o presidente
Lula e até "gente de dentro do
PMDB". Entre os peemedebistas,
citou o senador e ex-presidente
José Sarney (AP), o presidente do
Senado, Renan Calheiros (AL), e o
senador Ney Suassuna (PB).
"Eles não querem me deixar ser
candidato. Eu não estou pedindo
para votar em mim, não. Me deixa
só ser candidato", implorou.
Garotinho afirmou que a suposta campanha foi deflagrada agora
por causa das pesquisas eleitorais.
"Eles calcularam: "bom, Garotinho está muito forte na pesquisa,
cresceu na pesquisa, vamos agora
antecipar a convenção e bombardear ele. Vamos encher ele de denúncia. Depois não prova nada,
mas não tem problema, já passou
a convenção, ele não é mais candidato, não vai atrapalhar a gente."
Ainda na entrevista, o pré-candidato disse que os inimigos conseguiram derrubá-lo.
"Só um milagre [para disputar a
eleição à Presidência] porque eles
atingiram o objetivo deles, me pegaram na hora em que eu estava
subindo na pesquisa, encheram
de denúncia, atacaram, para depois não provar nada."
Greve de fome
Com voz fraca, mas em tom
dramático, Garotinho voltou a dizer que não desistirá da greve de
fome, embora sua equipe estivesse preparada para levá-lo ao hospital Quinta D'Or (zona norte do
Rio) ontem à noite, após o "Jornal
Nacional".
"Vou continuar, vou até o fim,
quero que a minha honra seja restabelecida. A minha honra vale
mais do que qualquer coisa. Cada
um sabe o valor da sua honra. Se
eles não têm honra para defender,
eu tenho a minha. O que vale mais
para um homem, a honra ou a vida? Eles estão me matando vivo."
A respeito do presidente Lula, o
pré-candidato disse que ele "traiu
o povo brasileiro".
"O Lula não quer minha candidatura porque ele sabe que se eu
for candidato ele não ganha. Aí
anteciparam a convenção e, antecipando a convenção, eles vão dizer: "olha aqui, o senhor caiu na
pesquisa, o senhor não pode ser
candidato". Isso tudo foi montado. Isso é o dedo de Lula. Lula é
um homem mau."
Na entrevista, Garotinho destacou aqueles que disse amar.
"Eu amo a minha esposa [a governadora Rosinha Matheus],
amo meus eleitores, amo meus filhos. Eles querem que eu tenha
uma honra limpa. Eles não querem ter vergonha do pai, eles querem ter o pai de cabeça erguida.
Sempre fui um pai zeloso, dedicado. Eu me fiz político, mas antes
de tudo sempre fui um pai e radialista. Estou lutando pelo direito de
ser contra os poderosos, de enfrentar esse sistema perverso."
O médico de Garotinho Abdu
Neme disse à tarde que o cliente já
perdeu 3,9 kg desde o início da
greve de fome. Estava com queda
de pressão e arritmia cardíaca.
"Se ele continuar assim vamos
consultar a família, porque teremos que interná-lo o mais rapidamente possível", anunciou.
Texto Anterior: Desvio pode ser maior, diz relator Próximo Texto: Frases Índice
|