São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2010

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Shannon rejeita "ideologia" em relação Brasil-EUA

Divergências são pontuais, mas podem causar danos se mal administradas, afirma embaixador americano

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

O embaixador americano, Thomas Shannon, disse ontem que a parceria entre Brasil e Estados Unidos deve ser baseada em fatos, e não em "ideologia ou retórica", em valores compartilhados, no respeito às divergências e na busca de resultados práticos.
Ele delineou esses quatro "princípios" na sua primeira palestra pública sobre as relações bilaterais, no Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), no Rio.
"Num mundo em mudança (...), não podemos esperar a criação, por acordos ou guerras, de uma ordem mundial definida pela manutenção do status quo ou pela tranquilidade. Nossa confiança mútua crescerá se desenvolvermos maneiras efetivas de enfrentar os novos desafios", afirmou.
Em entrevista, ele disse que por ideologia se referiu à interpretação da realidade, que por vezes a encobre. Apesar de vivermos num mundo "pós-ideológico", afirmou, Brasil e EUA seriam influenciados por resquícios da Guerra Fria.
Deu como exemplo a divergência sobre o programa nuclear do Irã: "Temos o mesmo objetivo em nossas políticas sobre o Irã, mas entendimentos diferentes do que está acontecendo lá. Manter essa conversa, e fazê-la de maneira aberta, ajuda o Brasil e os EUA a entenderem melhor a realidade".
Questionado se essa divergência e outras, como no caso de Honduras, poderiam ameaçar a relação, ele disse que as vê como pontuais. Mas, afirmou, "temas pontuais podem causar danos, se não forem tratados de maneira inteligente".
Na palestra, Shannon disse que o Brasil "já emergiu" e que, por isso, a parceria com os EUA adquiriu caráter global. Mencionou mecanismos bilaterais de consulta, o acordo de defesa recém-firmado e projetos conjuntos no Haiti e na África.
Segundo o embaixador, a relação bilateral começa a entrar numa fase madura, na qual independerá da "diplomacia da amizade" (boas relações entre governantes de turno).
Shannon disse que essa "intimidade" não significa o fim de questionamentos mútuos e que os EUA não querem submissão.


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