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CONGRESSO
Servidores da ativa e aposentados presentes à sessão vaiam parlamentares favoráveis à proposta de Lula
Reforma da Previdência é aprovada na CCJ
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Em uma sessão marcada por
bate-bocas entre deputados e protesto de servidores, a reforma da
Previdência do governo federal
conseguiu ontem superar seu primeiro importante teste no Congresso. O parecer de constitucionalidade elaborado pelo deputado Maurício Rands (PT-PE) foi
aprovado por 44 votos a 13, sem
alterações, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
O governo venceu uma a uma as
seis votações ocorridas -uma relativa ao parecer como um todo e
cinco relacionadas a pontos específicos do texto, os chamados destaques para votação em separado.
O PFL foi o autor do destaque
que tentou derrubar o ponto mais
polêmico da proposta, a cobrança
de contribuição previdenciária
dos servidores inativos, mas o governo conseguiu manter o texto
original enviado pelo Executivo
ao Congresso no dia 30 de abril.
A votação deste ponto foi simbólica -os deputados se manifestaram levantando a mão. A
contagem feita informalmente
pela reportagem mostrou que o
governo conseguiu 37 votos, enquanto 20 parlamentares votaram contra. A votação simbólica,
e não nominal, ocorreu devido a
um acordo entre governo e parte
do PFL, que assinava o destaque.
"Mostramos ao Executivo que
ele pode contar com sua base e
que pode ter certeza de que as reformas serão aprovadas", disse o
deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara.
A análise dos mapas de votação
de ontem mostra que, da base
aliada, apenas parte do PDT e do
PMDB não seguiram a orientação
do governo, com destaque para o
fato de o presidente do PMDB,
deputado Michel Temer (SP),
contrário à taxação dos inativos,
não ter comparecido à sessão.
A votação começou com a aprovação do parecer de Rands. Dos
13 votos contrários, cinco foram
do PFL, três do PSDB, dois do
PMDB, um do PP, um do Prona e
o outro do PDT. Depois, começaram as votações dos destaques.
Alguns integrantes do grupo
governista manifestaram intenção de alterar pontos da reforma
na comissão especial, próximo
passo da reforma. "O PC do B lutará, na comissão de mérito, por
todas as propostas de defesa dos
trabalhadores e dos direitos do
funcionalismo", disse na justificação de seu voto Inácio Arruda
(CE). Ao dizer que o partido votava pela constitucionalidade da reforma, ele recebeu a mais demorada das vaias dos manifestantes
que se aglomeravam na sala da
comissão. Eram servidores da ativa e aposentados que compareceram à sessão para protestar.
Durante a sessão, a mais tensa
do ano, houve até ameaça de confronto físico entre deputados.
Alceu Collares (PDT-RS), contrário à reforma, chegou a levantar de sua mesa e chamar para briga o petista Paulo Rocha (PA),
sentado na bancada logo atrás.
"Vem aqui dizer isso na minha
frente, vem que eu lhe planto a
mão", esbravejou Collares. Rocha
não se levantou e os ânimos acabaram se acalmando. Após a sessão, o petista disse que a declaração que irritou Collares foi a de
que ele, Collares, depois de velho
(tem 75 anos), virou provocador.
Collares também discutiu com o
presidente da CCJ, Luiz Eduardo
Grennhalgh (PT-SP).
Após a votação, o ministro José
Dirceu (Casa Civil) ligou para
Greenhalgh para felicitá-lo. Segundo o deputado, Dirceu disse
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva assistiu a parte da sessão e
teria ficado "satisfeito". "Ele [Dirceu] disse que nosso sacrifício de
hoje não será em vão", afirmou.
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