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Petista adere a "happening" ecológico
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva protagonizou um inusitado
evento musical ontem no Palácio
do Planalto. Inicialmente constrangido, mas depois com certa
desenvoltura, o petista foi um auxiliar de percussão para uma performance cheia de palavras de ordem típicas de ONGs ambientais.
Com um tambor artesanal entre
as pernas e improvisando batuques com desenvoltura, Lula surpreendeu uma platéia de cerca de
500 pessoas que participavam do
lançamento da Conferência Nacional do Meio Ambiente.
A percussão presidencial ocorreu a pedido do líder do grupo
Tambores da Paz, Bené Fonteles.
Sem avisar o cerimonial de sua intenção, entregou tambores para
três das quatro autoridades no palanque: Lula, a ministra Marina
Silva (Meio Ambiente) e o teólogo
Leonardo Boff. O ministro José
Dirceu (Casa Civil), constrangido,
acompanhou alguns batuques
com o pé, mas acabou desistindo.
"Eu não sabia que o Dirceu ia
estar aqui, mas não importa. Os
tambores eram para Lula, Marisa
e Marina. Acabei entregando um
para o Boff porque ele tem mais a
ver com a gente na questão ambiental, ecológica e espiritual",
disse Fonteles. A primeira-dama
não participou da cerimônia.
Segundo o artista, os tambores
passaram pelo detetor de metais e
o presidente, ao aceitar o instrumento, disse: "Salve, Bené". Fontele conhece Lula desde 1980,
quando fez um retrato seu em serigrafia para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
No início, Lula ficou corado,
mas manteve o bom humor, gesticulando que não sabia tocar.
Pouco depois, acabou batucando com entusiasmo para acompanhar os percussionistas de Fontele, que lia um manifesto.
No texto, pedia "clamor" contra
os transgênicos, a transposição
das águas do rio São Francisco e a
indústria alimentícia que fomenta
doenças. A cada pedido, uma saraivada de batucadas -inclusive
a de Lula, Boff e Marina Silva
-que classificou o ato como uma
manifestação artística que não
poderia ser censurada.
"Todos aqueles que têm coisas
que não precisam são ladrões. Todos nós somos ladrões", disse
Fonteles entre batidas de tambor
no final de seu ato. Em seguida,
fez uma espécie de dança abraçado na bandeira brasileira.
O improviso musical de Lula
pegou o Planalto de surpresa em
um dia no qual os procedimentos
de segurança e protocolo haviam
sido reforçados para evitar um
constrangimento público igual ao
da última solenidade no palácio.
Na semana passada, no lançamento da política de saúde mental, uma evangélica entrou sem
ser convidada, tomou a palavra e
fez um discurso sobre a salvação
do traficante Fernandinho Beira-Mar a poucos metros de Lula.
Apesar de afirmar que não haveria mudanças na segurança palaciana, ontem todos os convidados foram obrigados a apresentar
documentos, criando filas com
mais de cem pessoas no saguão.
Uma bandeja de papel foi improvisada para que chaves e celulares passassem pelo detetor de
metais, procedimento que sempre foi dispensado. O atraso decorrente foi de 50 minutos. O número de seguranças na cerimônia
foi aumentado e divisórias baixas
de madeira foram colocadas para
separar o público do presidente.
Lula, que ficou mais distante do
público, pediu a um assessor que
autorizasse a aproximação de
uma menina de 10 anos, Maria Lívia de Cabral, que queria entregar
materiais da ONG de sua mãe.
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