São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

"Kill Bill"

Gilberto Gil encerrou o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, com um show destacado ontem pelo "Correio do Povo". Nome do show: ".../liberdade/digital".
O ministro fez mais, lançando a música "Oslodum" para "livre comercialização na internet". Perguntaram se na web não vão "estragar" a música. E ele:
- Essa é a idéia. É o sinal de que existe liberdade.

 

O fórum e o ministro são parte de uma ação que vai além deles.
O governo Lula é chamado de "líder mundial" na adoção de software livre em sua gestão e, segundo o "Valor", pode trazer a China ao "movimento".
Uma missão governamental e empresarial chinesa está no país "para conhecer as inovações mais recentes do Brasil na área de governo eletrônico", melhor dizendo, de software livre.
A integração na área começou a se concretizar nesta semana com os investimentos de US$ 3 milhões, anunciados anteontem no site de "O Estado de S.Paulo", a serem feitos no Brasil pela Speed InfoTech, fabricante de computadores de Xangai.
 

Mas a ação também vai muito além de Brasil e China.
A revista "Forbes" destaca na capa de sua mais recente edição, sob o título "Kill Bill", mate Bill, que a IBM, fabricante americana de computadores, está gastando "bilhões na cruzada para fazer do Linux o sistema de operação mais popular do mundo".
O Linux é grátis e está na base do software livre implantado aqui e em outros países. O alvo da IBM é o Windows, produzido pela Microsoft de Bill Gates.
Além da IBM, também a Dell aposta bilhões no Linux. E agora é a HP, também fabricante, que anuncia que vai adaptar os seus PCs para o sistema Linux.
O foco de IBM, Dell e HP não são governos, mas corporações.
 

Ninguém pensou, é claro, que a Microsoft assistiria sem reagir.
O "Washington Post" e outros traziam despacho da Reuters, anteontem, com declarações agressivas de Emilio Umeoka, presidente da Microsoft Brasil, contra a adoção do Linux pelo governo Lula. De Umeoka:
- Se o país se fechar outra vez, daqui a dez anos vai acordar e ser dominante em algo que é insignificante. Meu chefe disse: irrelevância é o início do fim.
O chefe dele é Bill Gates.
Mas talvez a preocupação de Umeoka fosse outra, bem mais imediata. A agência Dow Jones trazia ontem a notícia divulgada pela própria Microsoft Brasil, no sábado -sobre sua vitória no Cade, num caso de concorrência desleal de cinco anos.

"NAS ALTURAS"

"Veja"/Reprodução


É mais do que um exagero, mas já tem gente dizendo, caso do blog de Ricardo Noblat, que Lula pode até apoiar Antonio Palocci para presidente em 2006.
A "Veja" não chega a tanto, mas se derrama pelo ministro em sua nova edição, que faz um longo perfil. Na capa, além da foto e da manchete "Palocci ganha todas", destaca que ele é "o mais popular ministro do governo".
A fonte, no entanto, não é das mais confiáveis. Trata-se de "pesquisa Ibope para a agência de Duda Mendonça", com a aprovação de 63% à política econômica.
Mas é certo que o ministro está bem na foto, ao menos nesta apresentada agora pela "Veja". Além das vitórias sem fim ("Ele venceu" é o título do perfil) dentro e fora do governo, como crescimento, salário mínimo e outras, ele "conhece tudo de Machado de Assis" -e por aí vai.

Lula e a oposição
Às vésperas de uma votação no Senado, Lula volta os olhos aos tucanos que foram amigos. O UOL e os telejornais davam manchete ontem ao seu pronto envio de tropas federais a Minas. Pedido de Aécio Neves.
Já o ministro Aldo Rebelo e os seus só fazem agradar tucanos. De Tasso Jereissati, a "O Globo", sobre a líder do PT no Senado:
- A Ideli já senta com a gente no cafezinho e até conversa.
Na posse de Nelson Jobim no Supremo, "do lado de fora Tasso e Arthur Virgílio traíam o PSDB com Aldo Rebelo, mas pediam a degola de Humberto Costa".

Ultimato
O ministro da Justiça pode ter defendido o ministro Costa em rede nacional. Lula pode ter feito igual na reunião ministerial.
Mas Costa levou "ultimato" do presidente, diz o "Valor", para "varrer, de forma irrefutável, a corrupção de seu ministério". Do contrário, perde o cargo.

Tumulto
Mas não é só do atual ministro que se trata. O jornal "Financial Times" entrou no tema dizendo que "o escândalo ameaça causar tumulto tanto no governo como na oposição". E registrou:
- José Serra negou qualquer má conduta, mas observadores acham que o escândalo pode manchar a campanha a prefeito.

Regras
Um ex-ministro da Justiça, o tucano Aloysio Nunes Ferreira, também entrou em campo para a defesa, no site do PSDB.
Segundo ele, "a mudança nas regras de licitação, conduzida pelo ex-ministro da Saúde José Serra, provocou uma queda nos gastos", o que "foi reconhecido pelo atual ministro da Saúde".

Rio Branco
No "Financial Times", durante a semana, "traders" que vendem soja brasileira na China atacaram Lula por não pressionar os chineses a aceitar a soja contaminada.
Ontem, no jornal "O Estado de S.Paulo", Rubens Ricupero, que preside a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio, reagiu dizendo que há um século o barão do Rio Branco já via a "esperteza" dos exportadores brasileiros:
- Preocupam-se mais com quantidade do que com qualidade. Aqui (na Europa), todos me dizem que o café freqüentemente vem misturado com tijolo, terra, folhas. E o algodão vem com pedras.

Lições
Como Ricupero, o economista Décio Zylbersztajn, da FEA-USP, escreveu no "Valor" das "lições" do caso "para a cadeia da soja":
- No mundo do agronegócio, não basta produzir muito, é preciso produzir com qualidade.

A vez do Brasil
No cotidiano da Organização Mundial do Comércio, que busca reabrir as negociações globais, a novidade é a pressão para o Brasil fazer sua proposta de abertura do setor de serviços, em resposta ao corte nos subsídios agrícolas.
Segundo o site da "Forbes", foi o que cobraram o responsável pelo setor na OMC, o chileno Alejandro Lara, e o representante comercial dos EUA, Roberto Zoellic.
Os "serviços" incluem finanças, energia e telecomunicações.

Cai a cortina
Ronald Reagan, ator de política, cinema e teatro, morreu ontem. Em canais como a Fox News e a CNN, imagens de seus trabalhos. Ele tornou a democracia, de uma vez por todas, encenação.
Era um bom ator. Chamavam-no "O Grande Comunicador".


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