São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2005

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DATAFOLHA

Arlindo Chinaglia atribui aumento da percepção da corrupção a caso dos Correios; para oposição, há "agonia" e "deterioração"

Pesquisa serve de alerta a Lula, diz petista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

A pesquisa Datafolha publicada ontem registrando queda de dez pontos na popularidade do governo federal "serve como alerta" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diz o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). A pesquisa apontou ainda que 59% acham que Lula abandonou a maior parte de suas idéias após ser eleito. Entre petistas, o percentual é de 42%.
Para Chinaglia, "percepção não se discute", mas ele acha que Lula "não abandonou as suas convicções". O problema, elabora, "é que, quando se está no governo, você não consegue realizar tudo o que você espera".
O Datafolha também detectou que 65% das pessoas consideram haver corrupção no governo Lula. Em março de 2004, o percentual era de 32%. "Não adianta. Quando aparece uma fita, caso de corrupção, já entramos em campo perdendo de 5 a 0", disse o líder.
Outro petista, da esquerda do partido, deputado Walter Pinheiro (BA), diz esperar que os resultados do Datafolha "sirvam para acordar o governo". Pinheiro já foi líder do PT na Câmara e foi a favor da instalação da CPI dos Correios. "Não fomos nós [os 12 do PT favoráveis à CPI] que inventamos o Roberto Jefferson nem a corrupção nos Correios."
Alberto Goldman (PSDB-SP), líder na Câmara, considera que "a pesquisa identifica a agonia do governo". Opinião semelhante tem o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), segundo quem "a pesquisa Datafolha mostra uma deterioração" do governo. "A não-instalação da CPI vai prejudicar muito a recondução dos parlamentares na eleição que vem. É muito difícil para um parlamentar ficar contra a sua própria reeleição", declarou.

Rumo a 2006
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito paulistano, José Serra, ambos tucanos, disseram ontem que, apesar dos resultados positivos divulgados na pesquisa, ainda é cedo para falar em eleição.
"Pesquisa é sempre correta. Estatística é uma ciência. Mas, do ponto de vista político, é muito cedo avaliar o impacto do resultado da pesquisa, porque o PSDB, por exemplo, não tem candidato e só vai definir isso no ano que vem", afirmou Alckmin. Questionado se é o candidato natural do PSDB, desconversou. "Sou candidatíssimo a fazer um bom governo em São Paulo."
Tanto Alckmin quanto Serra disseram que não é possível que o PSDB escolha agora o candidato. "Para nós, o fundamental neste ano é o trabalho. Se você começa uma campanha neste ano, prejudica o trabalho administrativo no Brasil", afirmou Serra. O prefeito, porém, celebrou os resultados. "No que se refere a mim, eu fiquei bastante satisfeito, mas isso não significa que eu seja candidato."
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), ao comentar ontem os resultados da pesquisa, disse que, se ele não for candidato em 2006, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho "pula para o segundo" lugar nas intenções de voto.
"O Garotinho só não está em segundo porque meu nome é colocado na pesquisa e, no Rio, nas pesquisas que eu conheço, está sempre na frente do dele", disse Cesar, que já lançou sua pré-candidatura à Presidência e teve de 5% a 8% das intenções de voto, mostra o Datafolha. Para ele, interessa ao PT a polarização com o PSDB, "com o mínimo de candidatos, para perguntar se o eleitor quer de novo" a gestão FHC.

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