São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Compadre era "faz-tudo" da família Lula

Petistas dizem que Dario Morelli Filho sempre atuou na área de "segurança e inteligência" e, desde 1997, ocupou cargos públicos

Em abril de 2002, Morelli foi contratado pela Prefeitura de Diadema, na primeira gestão de José de Fillipi Jr., último tesoureiro de Lula


JOSÉ ALBERTO ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dario Morelli Filho é uma espécie de "faz-tudo" da família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo petistas paulistas ouvidos ontem pela Folha. Ao lado de Freud Godoy e José Carlos Espinoza, que tiveram envolvimento no caso do dossiê contra tucanos em 2006, Morelli sempre atuou na área de "segurança e inteligência".
Na segunda metade dos anos 80 e na primeira dos 90, os três trabalharam em campanhas do PT na condição de responsáveis pela segurança.
Em 1994, Morelli integrou o esquema de escolta do então candidato do PT ao governo de São Paulo, José Dirceu. A assessoria de Dirceu confirmou a contratação. Ele também fez alguns trabalhos para o diretório nacional do PT e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC até montar sua própria firma de vigilância privada, nos anos 90.
Porém, ao menos desde 1997 até ontem, quando foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de corrupção ativa e formação de quadrilha, Morelli ocupou cargos públicos, sempre indicado pelo PT. Em janeiro daquele ano, foi nomeado chefe de serviços da Sama, empresa de saneamento de Mauá, durante a primeira gestão do ex-prefeito petista Oswaldo Dias.
Dois anos depois, em fevereiro de 1999, ele foi contratado pela Assembléia Legislativa para um cargo na primeira secretaria da Casa, então comandada por Roberto Gouveia (PT), hoje ex-deputado federal e estadual.
A indicação de Morelli para o cargo teria partido do ex-deputado federal Professor Luizinho, envolvido no escândalo do mensalão e que antecedera Gouveia no cargo de primeiro-secretário, e de José Dirceu.
Em dezembro de 1999, Morelli deixou a primeira secretaria para trabalhar no gabinete de Gouveia como motorista e de segurança. Ele ocuparia o posto até abril de 2002, quando foi contratado pela Prefeitura de Diadema, na primeira gestão de José de Fillipi Jr., atual prefeito da cidade e tesoureiro da última campanha de Lula.
O primeiro cargo de Morelli em Diadema, segundo os petistas, foi de chefe de divisão da Secretaria de Administração. Em seguida, ele foi para a Saned, a empresa de saneamento da cidade, onde ficou até ontem, com salário de R$ 4.000 mensais. Segundo nota da secretaria, "a Saned decidiu pelo afastamento do funcionário, sem provimentos, até que a situação seja esclarecida".
A exemplo de Freud e Espinoza, Morelli continuou prestando serviços para o PT e para a família de Lula, especialmente para Vavá, irmão de Lula.
Segundo a Folha apurou, a empresa de segurança de Morelli atuou em casas de jogos. A relação com Vavá teria se intensificado. Morelli também teria trabalhado na área de segurança para o Diretório Municipal de Diadema em 1997.


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