São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Morelli tem empresa no endereço do PT em SP

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Dario Morelli Filho, um dos presos pela operação Xeque-Mate e compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantém uma microempresa registrada no mesmo endereço do escritório de contabilidade do Diretório Estadual do PT em São Paulo.
A empresa Dario Morelli Filho-ME, que tem o nome de fantasia Servip Serviço de Distribuição, foi aberta em 2001 no endereço da Systema Contábil em Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo.
Registrada em outubro de 2001 na Receita Federal, a empresa de Morelli Filho tem como atividade principal a locação de automóveis, mas também está habilitada a fazer o aluguel de máquinas e equipamentos para escritórios.
A Systema, que faz a contabilidade do PT em campanhas políticas, é citada no relatório do inquérito da Polícia Federal que apurou a origem do falso dossiê montado contra tucanos durante a eleição 2006.
Morelli trabalhava até ontem como assessor técnico da diretoria da Saned (Companhia de Saneamento de Diadema), cidade administrada por José de Filippi Júnior (PT). Contratado em outubro de 2002, ele recebia R$ 4.049 por mês. Após ser preso, foi afastado.
O escritório tem como sócio Neli Chaves do Amaral, doador de campanhas do PT. Um dos contadores da Systema, que identificou-se como Antonio Carlos, disse que o nome do escritório pode ter surgido nas investigações do dossiê devido aos serviços prestados ao PT.
Segundo ele, somente Amaral poderia explicar a coincidência de endereços, mas ele só falaria hoje. Amaral, ainda de acordo com o contador, é quem responde pelo contrato com Morelli Filho. ""Ele [Morelli Filho] é conhecido, é um velho amigo nosso aqui. A razão deve ser essa", disse.
Um dos trechos do relatório da PF sobre o dossiê antitucano afirma que é necessário ""identificar possíveis pontos de interesse comum" entre o PT, o escritório, a Petrobras e a NM Engenharia, que é prestadora de serviços para a estatal.
O contador da Systema afirmou ontem à Folha que não conhece a NM nem quem são os seus proprietários.
Em dezembro do ano passado, com base nas investigações da PF, a CPI dos Sanguessugas concluiu que havia indícios de participação de pessoas ligadas à Petrobras na compra do dossiê antitucano.
O irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, também investigado pela operação Xeque-Mate, montou no ABC um escritório suspeito de fazer lobby para interessados em negócios com a Petrobras.
A PF rastreou telefonemas entre Hamilton Lacerda, então assessor do candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT-SP), com Wilson Santarosa, gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, e o empresário Paulo Eduardo Nave Maramaldo, sócio da NM.
A troca de ligações ocorreu no período de negociação do dossiê antitucano. Lacerda foi identificado pela PF como o homem que transportou o R$ 1,75 milhão que seria usado na aquisição do material contra o PSDB. A origem desse dinheiro jamais foi descoberta.
Além dos telefonemas trocados com Santarosa, foram apreendidos na casa de Lacerda e na imobiliária de sua família uma série de documentos relacionados à Petrobras.
Neli Chaves do Amaral também tem ligações com o PT e aparece como doador de R$ 3.000 para a campanha do deputado José Genoino em 2006. Em 2002, doou R$ 126 para o então candidato à Prefeitura de Osasco, Emidio de Souza.


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