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Morelli tem empresa no endereço do PT em SP
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Dario Morelli
Filho, um dos presos pela operação Xeque-Mate e compadre
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, mantém uma microempresa registrada no mesmo endereço do escritório de
contabilidade do Diretório Estadual do PT em São Paulo.
A empresa Dario Morelli Filho-ME, que tem o nome de
fantasia Servip Serviço de Distribuição, foi aberta em 2001
no endereço da Systema Contábil em Santo Amaro, bairro
da zona sul de São Paulo.
Registrada em outubro de
2001 na Receita Federal, a empresa de Morelli Filho tem como atividade principal a locação de automóveis, mas também está habilitada a fazer o
aluguel de máquinas e equipamentos para escritórios.
A Systema, que faz a contabilidade do PT em campanhas
políticas, é citada no relatório
do inquérito da Polícia Federal
que apurou a origem do falso
dossiê montado contra tucanos
durante a eleição 2006.
Morelli trabalhava até ontem
como assessor técnico da diretoria da Saned (Companhia de
Saneamento de Diadema), cidade administrada por José de
Filippi Júnior (PT). Contratado em outubro de 2002, ele recebia R$ 4.049 por mês. Após
ser preso, foi afastado.
O escritório tem como sócio
Neli Chaves do Amaral, doador
de campanhas do PT. Um dos
contadores da Systema, que
identificou-se como Antonio
Carlos, disse que o nome do escritório pode ter surgido nas investigações do dossiê devido
aos serviços prestados ao PT.
Segundo ele, somente Amaral poderia explicar a coincidência de endereços, mas ele só
falaria hoje. Amaral, ainda de
acordo com o contador, é quem
responde pelo contrato com
Morelli Filho. ""Ele [Morelli Filho] é conhecido, é um velho
amigo nosso aqui. A razão deve
ser essa", disse.
Um dos trechos do relatório
da PF sobre o dossiê antitucano
afirma que é necessário ""identificar possíveis pontos de interesse comum" entre o PT, o escritório, a Petrobras e a NM
Engenharia, que é prestadora
de serviços para a estatal.
O contador da Systema afirmou ontem à Folha que não
conhece a NM nem quem são
os seus proprietários.
Em dezembro do ano passado, com base nas investigações
da PF, a CPI dos Sanguessugas
concluiu que havia indícios de
participação de pessoas ligadas
à Petrobras na compra do dossiê antitucano.
O irmão do presidente Lula,
Genival Inácio da Silva, também investigado pela operação
Xeque-Mate, montou no ABC
um escritório suspeito de fazer
lobby para interessados em negócios com a Petrobras.
A PF rastreou telefonemas
entre Hamilton Lacerda, então
assessor do candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT-SP), com Wilson Santarosa, gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, e o empresário Paulo Eduardo Nave Maramaldo, sócio da NM.
A troca de ligações ocorreu
no período de negociação do
dossiê antitucano. Lacerda foi
identificado pela PF como o
homem que transportou o R$
1,75 milhão que seria usado na
aquisição do material contra o
PSDB. A origem desse dinheiro
jamais foi descoberta.
Além dos telefonemas trocados com Santarosa, foram
apreendidos na casa de Lacerda e na imobiliária de sua família uma série de documentos
relacionados à Petrobras.
Neli Chaves do Amaral também tem ligações com o PT e
aparece como doador de R$
3.000 para a campanha do deputado José Genoino em 2006.
Em 2002, doou R$ 126 para o
então candidato à Prefeitura de
Osasco, Emidio de Souza.
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