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Oposição reage à emenda que permite o 3º mandato a Lula
Tucanos temem que discussão congele a montagem de palanques para 2010
Serra e Aécio minimizam o fato de a proposta ter sido protocolada; o presidente do PSDB, porém, afirma não ver "geração espontânea"
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição reagiu ontem à a
apresentação de PEC (proposta
de emenda constitucional) que
possibilitaria um terceiro mandato para o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Dentro do PSDB, a reação teve tons distintos. Os dois principais nomes do partido para a
eleição do ano que vem minimizaram o fato de a proposta
ter sido protocolada, mas o presidente do partido, não.
"É uma questão fora do lugar
e que não vai prosperar. Não é
uma questão principal", afirmou o governador de São Paulo, José Serra, hoje o líder nas
pesquisas para suceder Lula.
Ele estava ao lado do governador mineiro, Aécio Neves,
em evento do PSDB no Paraná.
"Não há tempo hábil nem mobilização política efetiva, séria,
do governo. Não é algo que deva
nos preocupar", disse Aécio.
Com a reação de seus pré-candidatos, o PSDB tenta neutralizar o impacto da notícia
entre potenciais aliados.
Mas o presidente do partido,
Sergio Guerra (PE), disse crer
que essa seja a estratégia do PT.
Se frustrada a candidatura da
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil), "a alternativa não é Palocci nem Patrus Ananias, mas
o golpe do terceiro mandato".
"Isso está sendo desenvolvido.
Não é geração espontânea."
A PEC do deputado Jackson
Barreto (PMDB-SE) começou a
tramitar ontem, depois de ser
apresentada pela segunda vez.
Na semana passada, ele já havia
protocolado o mesmo texto,
devolvido depois que vários deputados tiraram as assinaturas.
O peemedebista aproveitou
as assinaturas dos deputados
que não desistiram da ideia e
conseguiu novas. Ele reapresentou a PEC anteontem com
176 nomes (o mínimo são 171).
No PSDB, o medo é que a
possibilidade de Lula concorrer novamente congele a montagem de palanques com tucanos. Para o presidente nacional
do DEM, Rodrigo Maia (RJ), o
governo tenta reverter o cenário nebuloso provocado pelo
anúncio da doença de Dilma.
Antes sob tensão, os aliados
de Lula ficam atraídos pela
ideia de um terceiro mandato.
Já o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), disse não acreditar que a medida tenha inspiração de Lula. Mas afirmou: "Ovo
de serpente é bom matar antes
que a serpente nasça".
Em Brasília, o líder do DEM,
deputado Ronaldo Caiado
(GO), entrou com recurso para
que a PEC seja arquivada. Ele
alega que o deputado não poderia reapresentar assinaturas
colhidas na primeira PEC.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e a
área jurídica entendem que o
regimento garante ao deputado
a possibilidade de reaproveitar
as assinaturas do primeiro texto. Por isso, o recurso do DEM
não deve ser acatado.
A proposta prevê um referendo, no segundo domingo de
setembro de 2009, para ouvir a
população sobre o terceiro
mandato para governadores,
prefeitos e presidentes.
Reunidos em Foz do Iguaçu
(PR) para um seminário sobre
o agronegócio, a oposição manifestou apreensão quanto à indefinição do candidato e quanto à desmobilização para a campanha. Dividido sobre qual o
nome ideal -Aécio e Serra- o
DEM lamenta que os três partidos não tenham um discurso
mais enfático de oposição.
Ao discursar ontem, Serra fez
duras críticas ao governo federal. Sobre o agronegócio, afirmou: "Não é chamando produtor de vigarista que chegamos à
paz no campo. Isso é falta de
proposta para o setor".
Antes do discurso, Serra disse que a movimentação do adversário não deve ditar o ritmo
do PSDB. Para ele, não ganha a
eleição aquele "que sai na frente". "Graças a Deus, campanha
não é gincana."
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