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PRIVATIZAÇÕES
Banco do Brasil, BNDES e fundos de pensão ligados a estatais já gastaram US$ 13,285 bilhões desde 1991
Dinheiro público garante 21% das vendas
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
Dos US$ 62,564 bilhões apurados
desde 1991 com privatizações de
empresas federais e estaduais,
aproximadamente US$ 13,285 bilhões são originários do setor público, usados para a compra de
participações nas empresas ou para financiamentos a compradores.
A participação estatal corresponde a cerca de quatro vezes o
que foi arrecadado na venda da
Companhia Vale do Rio Doce, em
97, ou 21,2% do total faturado com
as privatizações desde 91.
Não estão incluídos nos números
das privatizações os recursos obtidos com concessões novas para exploração de telefonia celular (banda B) e fixa (empresas espelho).
Na conta da participação estatal,
não foram computadas as compras feitas nos leilões pela Companhia Vale do Rio Doce, que depois
também foi privatizada.
O dinheiro público nas privatizações tem três origens: o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor
do programa de desestatização federal e assessor da maioria dos
programas estaduais, os fundos de
pensão de funcionários de estatais
e o Banco do Brasil.
O BNDES é a principal fonte individual de recursos para as privatizações, tendo participado até
agora com o equivalente a US$
6,041 bilhões, em operações de financiamento direto, na compra de
títulos emitidos pelas empresas
vendidas ou na compra direta de
participação acionária.
O banco estatal já viabilizou as
privatizações de 13 empresas, incluída aqui a Telebrás, que, apesar
de ter sido subdividida, aqui foi
considerada como uma só.
Essas operações começaram em
96, mas se tornaram rotineiras a
partir do segundo semestre de 97,
em meio à crise asiática, quando a
venda de empresas estaduais, especialmente do setor elétrico, ganhou mais impulso. A maior parte
do dinheiro do banco financiou a
compra dessas empresas.
Os valores em dólares das aplicações do BNDES foram calculados
com base nas cotações da moeda
norte-americana nas datas de cada
leilão. Em reais, essas aplicações
alcançaram R$ 6,741 bilhões.
Os fundos de pensão compraram
9,5% do total privatizado até agora, com uma participação de US$
5,974 bilhões. Ao todo, eles compraram, em parte ou até inteiramente, 31 empresas, sendo 24 federais e 7 estaduais.
Embora os fundos de pensão sejam entidades de direito privado,
os ligados ao setor público têm como patrocinadoras estatais, e o Estado tem interferência direta na
definição dos seus dirigentes.
A presença de fundos patrocinados por empresas privadas nas desestizações foi residual.
Mesmo que muitos dos fundos
que entraram no programa sejam
hoje totalmente do setor privado,
por conta das privatização das
suas patrocinadoras, como é o Sistel (Telebrás), eles compraram
suas participações com capital
acumulado sob patrocínio estatal.
Os números sobre as participações dos fundos de pensão nas privatizações foram fornecidos pelo
BNDES ou calculados com base
em informações sobre os leilões
fornecidas pelo banco.
Parte desses números foi fornecida em dólares, e outra parte convertida com base na sua cotação na
data de cada leilão.
O Banco do Brasil entrou em três
operações de privatização, comprando com recursos próprios, de
fundos que ele administra ou de
empresas integrantes do grupo,
participações em montante equivalente a US$ 1,27 bilhão.
O BB entrou primeiro no leilão
da Coelba, a empresa de energia
elétrica da Bahia. Junto com a Previ, fundo de pensão dos seus empregados, ficou com 61% da parcela que foi a leilão, entrando com o
equivalente a US$ 718,9 milhões.
A Iberdrola, da Espanha, ficou
com 39% e com a gestão da Coelba.
A própria Coelba e a Guaraniana
(empresa formada pelo BB, Previ e
Iberdrola para controlar a ex-estatal baiana) assumiram depois o
controle da Cosern (RN).
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