São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADEUS ÀS PALHAS Boné substituiu chapéu de palha
Fábrica no Paraná confecciona dois lotes com 500 peças cada por ano
LÉO GERCHMANN DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE Até chegar à cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e virar motivo de polêmica nacional na semana passada, o boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) percorreu marchas pelo Brasil afora e disputou espaço com o tradicional chapéu de palha. No MST, as informações a respeito da origem do boné são desencontradas. Mas há uma unanimidade: ele substituiu como símbolo o chapéu de palha típico dos sem-terra na caminhada que o movimento fez até Brasília, em 1997, para marcar o primeiro ano das mortes de Eldorado do Carajás. Na época, o MST foi recebido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, também ele presenteado com o boné. FHC, porém, não o vestiu, pelo menos em público. O boné é feito em mais de uma fábrica. Nos últimos dois anos, o MST gaúcho tem encomendado a peça à fábrica Bonelli, de Apucarana (PR), a "capital nacional do boné". Quantias: dois lotes de 500 bonés/ano. Valores? Há os serigrafados e os bordados. O varejo informa que compra da fábrica por R$ 1,84 o serigrafado e R$ 3,24 o bordado. "Vendemos uns dez por dia. Nossos clientes são estudantes e camponeses", diz Lademir Debona, que vende os bonés no Mercado Público de Porto Alegre por um preço entre R$ 3 e R$ 5. Na cidade, há outra loja e duas feiras que vendem o produto. Pelo site do MST, é possível comprá-los. O de serigrafia custa R$ 5, o bordado, R$ 7. São vendidos ainda nas secretarias do MST, sindicatos, assentamentos e universidades. O coordenador do MST gaúcho Mário Lill estima em mais de 1 milhão os bonés vendidos -uma arrecadação, até hoje, de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões. Se a popularização do boné tem como marco a marcha a Brasília em 97, há controvérsias quanto à sua origem. O frei Sérgio Görgen, hoje um deputado estadual que mantém ligações com o MST, afirma que a primeira aparição ocorreu na caminhada até a fazenda Anonni, no Rio Grande do Sul, em 86 -para muitos, essa foi a marca de nascença do próprio MST. Mário Lill diz que foi depois, entre 87 e 88. O certo é que, até então, o chapéu de palha predominava. Até hoje é o preferido do líder João Pedro Stedile. No site do MST, há os significados das cores da bandeira -a mesma simbologia do boné. Diz o MST: a cor vermelha representa "o sangue que corre em nossas veias e a disposição de lutar pela reforma agrária e pela transformação da sociedade". O branco, "a paz pela qual lutamos e que somente será conquistada quando houver justiça social para todos". A cor verde representa "a esperança de vitória a cada latifúndio que conquistamos". O preto representa "o nosso luto e homenagem a todos os trabalhadores e trabalhadoras que tombaram, lutando pela nova sociedade". O mapa do Brasil é a representação de "que a luta deve chegar a todo o país". O trabalhador e trabalhadora são "a necessidade de a luta ser feita por mulheres e homens, por famílias inteiras", e o facão, "nossas ferramentas de trabalho, de luta e de resistência". Texto Anterior: MST desafia poder de atração do governo Próximo Texto: No site do MST Índice |
|