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POLÊMICA
"Primeira-dama não pode aceitar"
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o professor de Ética da
Unicamp Roberto Romano, a primeira-dama não pode aceitar sequer um "alfinete" de presente.
"O presidente da República e a
primeira-dama não podem ganhar nem um boné nem um colar
de pérolas. Tem de haver uma separação entre o público e o privado. Do ponto de vista ético, eles
não podem receber sequer um alfinete", disse Romano.
Para ele, os gastos da primeira-dama devem se limitar a valores
fixados no orçamento do palácio.
Leia a seguir alguns trechos da
entrevista que Romano concedeu
à Folha:
Folha - Como o sr. vê o recebimento de tratamentos estéticos de
graça pela primeira-dama?
Roberto Romano - É errado. Ela
tem de pagar como qualquer outra senhora. O que não está no orçamento do palácio não pode entrar nos gastos da primeira-dama.
O cidadão privado não tem acesso
a esse tipo de coisa. No caso de
jóias emprestadas, acho que não
tem problema. Ela não sai com a
etiqueta da loja. Usa, devolve e tudo fica bem. O problema é ganhar
favores. Imagina se alguma dessas
empresas sonega imposto.
Folha - Por que o sr. acha que há
atitudes desse tipo?
Romano - Acho que há uma dose
muito grande de personalismo no
atual presidente que o faz pensar
que é dono do cargo.
Folha - A assessoria do Palácio do
Planalto disse que a primeira-dama não comentaria os presentes
porque não é servidora.
Romano - Ela tem um papel público simbólico e funcional. Ela
está acima de todas as servidoras.
É a mulher do presidente da República. Quando o marido assume o cargo, a pessoa deixa de ser
operária ou professora universitária. O presidente pode ser honesto, mas a primeira-dama não
pode aceitar favores.
Folha - O sr. acha que há no Brasil
uma dificuldade de distinção entre
o público e o privado?
Romano - Acho que sim. Não estamos falando de regras morais,
mas de regras éticas que, com certeza, estão ligadas aos costumes e
aos modos de exercer a função
pública em um país democrático.
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