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Nizan, ex-FHC, ganha conta dos Correios
Ex-publicitário de Fernando Henrique venceu licitação na empresa do governo que esteve no epicentro do mensalão
Derrotados devem buscar
caminho judicial para tentar
reverter resultado; outras
duas agências vão dividir
a propaganda da empresa
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O publicitário Nizan Guanaes ganhou ontem sua primeira conta estatal de primeira
grandeza no governo Lula. A
MPM, uma de suas agências,
receberá parte da verba de R$
90 milhões dos Correios.
O valor da cota da MPM para
um período de 12 meses é de R$
22 milhões. Ficará responsável
por propagandas sobre telegramas e cartas. Estão no comando da MPM Bia Aydar e Rui Rodrigues, ambos publicitários
colaboradores de políticos tucanos no passado. A MPM também está contratada pela CBF
para tratar da candidatura do
Brasil para sede da Copa do
Mundo em 2014.
Antes da conta dos Correios,
outra agência de Nizan Guanaes, a DM9DDB, tinha no ano
passado conquistado uma conta menor no Ministério da Justiça. O publicitário mantém até
hoje também o Sebrae, cliente
seu desde o governo Fernando
Henrique Cardoso.
A Nova S/B, de João Roberto
Vieira da Costa, ficou com outra parte da conta, cujo montante é de R$ 45 milhões -a serem gastos em comerciais sobre o Sedex, o serviço de despacho expresso dos Correios.
Bob, como Vieira da Costa é
conhecido em Brasília, comandou a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da
República) em 2002, último
ano de Fernando Henrique
Cardoso no Planalto. Sua agência, a Nova S/B, já tem parte da
conta publicitária da CEF (Caixa Econômica Federal).
A menos conhecida DeBrito
Propaganda ficou com a terceira cota de publicidade, de R$ 23
milhões, para tratar de patrocínios esportivos dos Correios.
Essa estatal federal ganhou
notoriedade há dois anos por
causa do escândalo do mensalão. O publicitário mineiro
Marcos Valério comandava a
publicidade dos Correios e foi
acusado de ser um dos mentores do esquema de pagamentos
ilícitos a políticos. Valério sempre negou tais desvios.
Ex-marqueteiro de tucanos
como Fernando Henrique Cardoso e José Serra, o baiano Nizan Guanaes esteve afastado de
contas publicitárias federais
desde a chegada de Luiz Inácio
Lula da Silva ao Planalto, em
2003. O resultado da licitação
dos Correios foi apresentado
ontem às agências. Deve ser publicado hoje na internet.
O governo Lula gastou R$
1,015 bilhão em publicidade estatal federal em 2006, segundo
dados oficiais disponíveis no site da Presidência da República.
O valor é um recorde histórico
desde o início da coleta sistemática dessas informações, em
1998. O Brasil é um dos países
que mais gasta com publicidade
estatal no planeta.
Várias agências se mostravam ontem dispostas a entrar
na Justiça para impugnar o resultado da licitação dos Correios. A Folha apurou que pelo
menos três devem tentar buscar esse caminho: as baianas
Propeg e Link e a multinacional Giovanni, FCB. Desde os
escândalos na metade do governo Lula envolvendo a área
publicitária, várias regras foram alteradas nas licitações.
Por conta de uma maior rigidez, o mercado ficou instável e
as agências buscam reverter resultados por via judicial.
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