São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nizan, ex-FHC, ganha conta dos Correios

Ex-publicitário de Fernando Henrique venceu licitação na empresa do governo que esteve no epicentro do mensalão

Derrotados devem buscar caminho judicial para tentar reverter resultado; outras duas agências vão dividir a propaganda da empresa

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O publicitário Nizan Guanaes ganhou ontem sua primeira conta estatal de primeira grandeza no governo Lula. A MPM, uma de suas agências, receberá parte da verba de R$ 90 milhões dos Correios.
O valor da cota da MPM para um período de 12 meses é de R$ 22 milhões. Ficará responsável por propagandas sobre telegramas e cartas. Estão no comando da MPM Bia Aydar e Rui Rodrigues, ambos publicitários colaboradores de políticos tucanos no passado. A MPM também está contratada pela CBF para tratar da candidatura do Brasil para sede da Copa do Mundo em 2014.
Antes da conta dos Correios, outra agência de Nizan Guanaes, a DM9DDB, tinha no ano passado conquistado uma conta menor no Ministério da Justiça. O publicitário mantém até hoje também o Sebrae, cliente seu desde o governo Fernando Henrique Cardoso.
A Nova S/B, de João Roberto Vieira da Costa, ficou com outra parte da conta, cujo montante é de R$ 45 milhões -a serem gastos em comerciais sobre o Sedex, o serviço de despacho expresso dos Correios.
Bob, como Vieira da Costa é conhecido em Brasília, comandou a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) em 2002, último ano de Fernando Henrique Cardoso no Planalto. Sua agência, a Nova S/B, já tem parte da conta publicitária da CEF (Caixa Econômica Federal).
A menos conhecida DeBrito Propaganda ficou com a terceira cota de publicidade, de R$ 23 milhões, para tratar de patrocínios esportivos dos Correios.
Essa estatal federal ganhou notoriedade há dois anos por causa do escândalo do mensalão. O publicitário mineiro Marcos Valério comandava a publicidade dos Correios e foi acusado de ser um dos mentores do esquema de pagamentos ilícitos a políticos. Valério sempre negou tais desvios.
Ex-marqueteiro de tucanos como Fernando Henrique Cardoso e José Serra, o baiano Nizan Guanaes esteve afastado de contas publicitárias federais desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, em 2003. O resultado da licitação dos Correios foi apresentado ontem às agências. Deve ser publicado hoje na internet.
O governo Lula gastou R$ 1,015 bilhão em publicidade estatal federal em 2006, segundo dados oficiais disponíveis no site da Presidência da República. O valor é um recorde histórico desde o início da coleta sistemática dessas informações, em 1998. O Brasil é um dos países que mais gasta com publicidade estatal no planeta.
Várias agências se mostravam ontem dispostas a entrar na Justiça para impugnar o resultado da licitação dos Correios. A Folha apurou que pelo menos três devem tentar buscar esse caminho: as baianas Propeg e Link e a multinacional Giovanni, FCB. Desde os escândalos na metade do governo Lula envolvendo a área publicitária, várias regras foram alteradas nas licitações. Por conta de uma maior rigidez, o mercado ficou instável e as agências buscam reverter resultados por via judicial.


Texto Anterior: Justiça: Deputado pualista quer a criação do "Tribunal da Probidade"
Próximo Texto: Campo minado 1: Sem-terra fazem 19ª invasão em duas semanas no Pontal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.