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Auditoria externa vai verificar movimentações
KENNEDY ALENCAR
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), determinou ontem a contratação de
"auditoria externa para verificar a regularidade da movimentação" de três contas ocultas da instituição reveladas ontem pela Folha. Elas têm saldo
de R$ 160 milhões.
A Comissão de Fiscalização e
Controle do Senado pedirá hoje a Sarney que sejam fornecidos "todos os extratos da movimentação dessas contas desde
sua abertura". Renato Casagrande (PSB-ES), presidente
da comissão, disse que "é preciso saber se os recursos foram
usados legalmente". Agaciel
Maia, ex-diretor-geral do Senado, tinha liberdade para movimentar as três contas sem ter
de justificar seus atos.
Em reunião ontem de manhã
com aliados políticos, José Sarney deu ordem para que o atual
diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, desse explicações
rapidamente sobre o caso.
Acuado politicamente, Sarney quis reagir com pressa para
tentar demonstrar desvinculação com eventuais desmandos
de Agaciel, nomeado diretor-geral do Senado três vezes pelo
senador peemedebista.
Em nota, Tajra disse que as
contas não eram secretas, porque estão previstas no regulamento do Sistema Integrado de
Saúde do Senado. Afirmou,
também, que elas não constam
do Siafi (sistema federal de
acompanhamento gastos públicos) porque seus fundos têm
origem na contribuição de servidores do Senado para arcar
com gastos de saúde -e não
nos recursos orçamentários.
Tajra, porém, não esclareceu
por que as contas foram retiradas em 1997 da contabilidade
oficial (e, com isso, do Siafi) por
um ato da Mesa Diretora.
Casagrande disse que "precisa ser apurada a responsabilidade política" dos senadores
que deram aval a Agaciel para
criar as contas paralelas. Na
época, a Casa era presidida pelo
senador baiano Antonio Carlos
Magalhães do então PFL, hoje
DEM. O primeiro-secretário,
encarregado de administrar o
orçamento do Senado, era Ronaldo Cunha Lima, então no
PMDB paraibano.
ACM morreu em 2007. Procurado pela Folha anteontem,
Cunha Lima, hoje no PSDB,
não pôde dar explicações devido a problemas de saúde.
O líder do PSDB no Senado,
Arthur Virgílio (AM), pediu
apuração: "Fica cada vez mais
evidente que essa gente, Agaciel, Zoghbi e cia., não pode ter
feito isso sozinha. Deve ter envolvimento de senadores e ex-senadores." João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos, é investigado por irregularidades na sua gestão.
O líder do DEM na Casa, José Agripino Maia (RN), pediu
"investigação urgente". O primeiro-vice-presidente, Marconi Perillo (PSDB-GO) declarou:
"Se existem contas fantasmas
ou secretas, isso terá de ser visto. Mas preciso ouvir a explicação de quem geriu as contas".
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