São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2001

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COMUNICAÇÃO

Representantes das emissoras afirmam que apenas critérios técnicos e empresarias conduzem os negócios

TVs dizem ser profissionais com políticos

DA SUCURSAL DO RIO

O vice-presidente de Relações Institucionais da Rede Globo, Evandro Guimarães, declarou que a empresa mantém uma relação profissional com suas afiliadas, independentemente de quem sejam seus proprietários.
"A Globo não tem considerações político-partidárias. Isso não tem importância para ela. Seus critérios, tanto no jornalismo, quanto na comercialização e na exigência de qualidade dos equipamentos, são técnicos e empresariais", afirmou o executivo.
Indagado se o fato de ter governadores, senadores e ex-presidentes da República como acionistas de emissoras afiliadas criava embaraços para a Globo, Guimarães respondeu: "A Globo não toma posição em relação a seus parceiros por razões partidárias ou políticas. Além disso, a legislação impede que políticos em exercício do cargo participem da administração de emissoras de rádio e televisão. Achamos que a lei está correta neste ponto".
O vice-presidente da Rede Bandeirantes Antonio Teles disse que as redes de televisão não escolhem os afiliados.
Segundo ele, a afiliação ocorre posteriormente à obtenção da concessão e vez por outra as estações mudam de rede.
Cita, como exemplo, o concessionário da Globo no Piauí, que já foi de um afiliado da Band.

Miopia
Para Teles, a forte presença de políticos é consequência da falta de visão do empresariado.
"Os empresários não perceberam que a radiodifusão é um excelente negócio e abriram espaço para que os políticos tomassem conta de uma parte do mercado."
O executivo diz acreditar que o processo vá reverter. "Não posso acreditar que o empresariado brasileiro continue com esta miopia. Nos Estados Unidos, os fundos de investimento estão investindo fortemente em radiodifusão. Se é um bom negócio lá, por que não seria aqui?", pergunta.
Em sua avaliação, as telecomunicações -e a indústria do entretenimento em particular- são o melhor negócio do mundo atual.

Anteprojeto
A Bandeirantes, segundo o diretor, defende a realização de um grande debate nacional em torno do anteprojeto da nova lei de radiodifusão, que incluiria a propriedade dos meios de comunicação. O anteprojeto está em audiência pública e ainda não foi enviado ao Congresso pelo governo.
Roberto Wagner, diretor da Rede Record, avalia que as emissoras de televisão são administradas profissionalmente.
"O poder político sobre a mídia é coisa do passado. Os equipamentos são muito caros, e as emissoras têm de correr atrás de anúncios. Não dá para brincar", afirmou Wagner.
O SBT foi procurado pela Folha na terça-feira e na quinta-feira, mas não se manifestou sobre o assunto até o fechamento da edição.



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