|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA SOB PRESSÃO
Presidente diz a reitores de universidades federais que diagnóstico de descontrole social é exagerado
Lula nega caos e adia crescimento para 2004
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em audiência na qual planejavam discutir as "ameaças" da reforma da Previdência para o ensino superior público, os reitores
das universidades federais acabaram desarmados pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que destacou a importância deles no projeto de desenvolvimento e na retomada do crescimento, que datou para março de 2004.
Além disso, Lula disse aos reitores, segundo relatos após a reunião, que o diagnóstico de caos
social é exagerado porque o governo federal considera as reivindicações dos movimentos "normais" e "esperadas".
O presidente teria sugerido que
a invasão do terreno da Volkswagen em São Bernardo (SP) por
cerca de 3.000 famílias de sem-teto seria um ato compreensível.
"Veja o exemplo do terreno em
São Bernardo. O que se pode esperar em um local que não tem
mais terreno para loteamentos
populares? As pessoas até que têm
muita paciência", disse Lula, segundo relato da reitora Margarida
Salomão, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).
Participaram da audiência de
cerca de duas horas, promovida
pelo ministro Cristovam Buarque
(Educação), 51 membros da Andifes (Associação Nacional dos
Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior).
Ao marcar a retomada do crescimento para março de 2004, o
presidente apresentou aos reitores a necessidade prévia de aprovar reformas internas e de assegurar a credibilidade e estabilidade
internacional. Para isso, seria necessário fortalecer laços com países da América Latina e África,
além de Rússia, Índia e China.
"Estamos num processo de
construção. Será um ano de ajustes até março do ano que vem",
disse Lula, segundo o reitor da
Universidade Federal de Alagoas,
Rogerio Pinheiro.
Apesar do manifesto contra a
reforma previdenciária e do que
consideram uma situação grave e
crítica nas universidades federais,
os reitores deixaram o Planalto
satisfeitos com a sugestão de Lula
de incluir as propostas para expansão do ensino superior -duplicação de vagas na graduação e
na pós-graduação em quatro
anos- no Plano Plurianual.
Cobranças
O presidente também deixou
claro que não poderá atender
agora a cobranças por recursos, o
que não impediu os reitores de
comemorar a deferência recebida. Lula pediu que fossem "cúmplices" do desenvolvimento.
"Não há na história da humanidade nenhum país que conseguiu
crescer e se desenvolver sem antes
ter consolidado a sua base, que é a
formação intelectual e profissional da sua gente", afirmou Lula,
em discurso para prefeitos petistas após a audiência.
No manifesto da Andifes sobre
a reforma previdenciária, os reitores classificam o projeto como
uma ameaça à universidade pública e "seu elemento mais precioso: o saber e os recursos humanos
que o constituem".
Para a entidade, a reforma acarretaria a chamada fuga de cérebros, ou seja, a perda da força de
trabalho mais talentosa, devido à
falta de atrativos de carreira.
Porém, segundo relatos, Lula
não citou a palavra greve nem falou diretamente da reforma previdenciária. Em pelo menos 32 instituições federais, os sindicatos de
docentes já aprovaram indicativo
de paralisação, de acordo com a
Andes (sindicato dos docentes
das federais).
Colaboraram WILSON SILVEIRA e LUCIANA CONSTANTINO, da Sucursal de
Brasília
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frases Índice
|