|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS
Relatório será enviado ao Conselho de Ética; caso de Dirceu pode ir para a CPI do Mensalão
CPI vai sugerir à Câmara a cassação de até 18 deputados
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em dez dias a CPI dos Correios
prometeu apresentar o primeiro
relatório recomendando a cassação de deputados federais ao
Conselho de Ética da Câmara. Os
critérios para definir os casos em
que houve quebra de decoro parlamentar ainda serão discutidos
com as lideranças políticas e com
os integrantes da comissão, que
terão que votar esse parecer.
O universo analisado pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e pelos quatro
sub-relatores são 18 parlamentares citados direta ou indiretamente nas investigações da comissão.
Os trabalhos têm se concentrado
nos saques feitos nas contas do
publicitário Marcos Valério de
Souza e em suposto esquema de
corrupção nos Correios.
O relatório que será apresentado em dez dias é considerado parcial. No final dos trabalhos, um
relatório final será apresentado.
Haverá, no entanto, no caso do
relatório dos pedidos de cassação,
dois tipos de encaminhamento.
Os casos em que for avaliado que
há prova de quebra de decoro serão enviados diretamente para o
Conselho de Ética da Câmara.
Uma outra listagem será feita com
os parlamentares contra os quais
haveria apenas indícios de irregularidades e seria encaminhada à
CPI do Mensalão.
Negociação política
Essa divisão dá margem para
negociações políticas. Questionado se um saque em uma das contas de Marcos Valério seria considerado uma prova ou um indício,
Serraglio afirmou que "vai haver
uma interpretação coletiva".
Marcos Valério é acusado pelo
deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) de ser o operador do
"mensalão", suposto pagamento
de mesada pelo PT a deputados
da base aliada. Os saques em dinheiro das contas do publicitário
seriam parte desse esquema.
Tanto Delúbio quanto Valério
dão outra justificativa. Segundo
eles, os recursos seriam destinados ao pagamento de dívidas de
campanha e fariam parte de um
caixa dois do PT. A origem do dinheiro seriam empréstimos bancários tomados pelas empresas do
publicitário e repassados à sigla.
Essa versão não deve servir para
poupar deputados. "A meu juízo
caixa dois é um ato equivocado.
Uma sucessão de equívocos não o
legitima", disse Serraglio.
Para o senador Jefferson Péres
(PDT-AM), já há prova para cassar cerca de 20 deputados, inclusive o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). "Eu cassaria o deputado
José Dirceu [PT-SP]. Só a velhinha de Taubaté não sabe que ele
era o chefe do esquema", disse ele.
O caso do ex-ministro da Casa
Civil, no entanto, deve ser encaminhado para a CPI do Mensalão.
Parlamentares ouvidos pela Folha afirmam que não há provas
contra ele, já que não há comprovação de que o Roberto Marques
autorizado a sacar R$ 50 mil das
contas de Marcos Valério seja o
assessor pessoal de Dirceu.
O relator da CPI sinalizou que,
em sua opinião, já há elementos
para cassar Roberto Jefferson.
Questionado se tem convicção de
que ele chefiava um esquema de
corrupção nos Correios, Serraglio
insinuou que sim, mas que essa
decisão dependerá da maioria.
"Eu até poderia dizer que tenho
convicção, mas acho que seria
inadequado dizer. No parecer não
quero produzir um monólogo,
não sou dono da verdade, tenho
que submeter ao plenário."
O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral
(PT-MS), afirmou que a comissão
deve funcionar até novembro.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Parecer da Câmara não ajuda Dirceu Índice
|