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Entidade de São Paulo afirma ter sido "usada" por deputado
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
A Instituição Filantrópica
Parábola, entidade que atende
cerca de 130 crianças e adolescentes carentes em São Paulo,
afirma que foi "usada" pelo deputado Neuton Lima (PTB-SP)
para repassar R$ 1,6 milhão, em
2005, a uma empresa de fachada da Planam, a Suprema Rio
Comércio de Equipamentos de
Segurança e Representações.
A verba, depositada pelo Ministério da Saúde em contas da
Parábola, deveria ser usada para a compra de 27 ambulâncias
por meio de emenda proposta
em 2004 pelo deputado. As ambulâncias não foram entregues
até hoje. A entidade, que alega
que não sabia do esquema à
época, fica na Vila Ester, em
São Paulo, numa casa simples,
com garagem para um carro.
Neuton Lima é um dos parlamentares citados em depoimento por Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam. A verba
foi depositada em quatro parcelas, entre junho e outubro de
2005, em duas contas da entidade abertas para o convênio,
em uma agência do Banco do
Brasil em Taboão da Serra (SP).
A abertura da conta é exigência
do Ministério da Saúde.
A seguir, a verba foi repassada para a conta da Suprema Rio
Comércio, cujo proprietário é
Ricardo Waldmann Brasil, que
foi preso pela Polícia Federal
sob a acusação de manter a empresa a serviço da Planam.
A presidente da Parábola,
Marisa Mello, disse que foi uma
assessora do deputado quem a
procurou, em 2004, pedindo
que ela firmasse o convênio. Segundo Mello, a assessora disse
que os veículos iriam para outras instituições que, por não
terem registro de filantrópica,
não podiam receber verba do
Orçamento em convênios com
o Ministério da Saúde.
A chefe-de-gabinete do deputado Neuton Lima, Izildinha
Linares, disse à Folha que foi a
entidade quem procurou o deputado pedindo ambulâncias.
"O dinheiro [R$ 1,6 mi] a gente
sabe que chegou na conta.
Acham que este recurso passa
pelo deputado, e não passa. Vai
direto para a conta da entidade", disse Linares: "Se ela não
tivesse aceitado [o convênio],
por que ela não devolveu o dinheiro do ministério?"
O preço estipulado nas
emendas para cada ambulância
era R$ 50 mil. Um documento
do Ministério da Saúde foi assinado pela chefe-de-gabinete do
deputado como "dirigente ou
representante legal" da Parábola. Linares disse que a dona
da Parábola assinou procuração para que o gabinete cuidasse do trâmite do convênio.
O advogado da Parábola,
Marcos Vinícius Oliveira, admitiu que Mello assinou a procuração porque "confiou" no
deputado: "Se ela [Mello] tivesse me consultado antes, eu jamais deixaria ela assinar uma
procuração. Ela achou que estava tudo bem, até porque a
Izildinha já havia ajudado a Parábola antes. Veio um rapaz
que é funcionário da Planam.
Foi ele quem preparou toda a
documentação para entrar
com o pedido. O material já
chegou pronto", disse.
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