São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PROPAGANDA

Publicidade de candidatos some das ruas de São Paulo

Restrição a outdoors e faixas atingiu também as gráficas

ANDREA MURTA
MARCELA CAMPOS DA REDAÇÃO

Um mês após a liberação da propaganda pela Justiça Eleitoral, as ruas de São Paulo continuam vazias. Raros são os muros pintados e as faixas que faziam parte da paisagem paulistana em outras eleições.
As marginais Tietê e Pinheiros, tradicionais redutos de publicidade eleitoral, têm poucas manifestações, em muros afastados do centro. O mesmo se dá no viaduto do Chá, no vale do Anhangabaú e nas avenidas Paulista e 23 de Maio.
A escassez de propaganda atingiu até mesmo os negócios do setor gráfico. A Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) reviu para baixo a expectativa de crescimento no faturamento, por conta das eleições, de 3% para 1,5% em 2006 -o incremento previsto é de cerca de US$ 150 milhões. A queda só não foi maior porque a aposta é que, com a proibição de showmícios e outdoors, os recursos sejam redirecionados para confecção de material personalizado, como panfletos.

"Clean"
O cenário mais "clean" pode ser, em parte, atribuído à minirreforma eleitoral (lei 11.300/ 2006), aprovada em maio e regulamentada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A regra veta veiculação de propaganda de qualquer natureza em bens públicos como postes e viadutos, sob pena de multa de R$ 2.000 a R$ 8.000. A legislação permite, porém, fixação de faixas, adesivos e placas de até 4 m2 em propriedade particular. Os partidos relatam que já há eleitores cedendo seus muros à campanha.
Francisco Campos, assessor de comunicação do PT, afirma que, neste ano, a campanha será apoiada na panfletagem e na militância, além de concentração no rádio e na TV.
Paulo Cerciari, um dos coordenadores da campanha tucana em São Paulo, diz que o partido dará mais peso à propaganda na TV e que a prioridade, no momento, é inaugurar os diretórios regionais.
Algumas das restrições da lei, como a outdoors, beneficiaram partidos com menos recursos, na opinião do deputado Babá (RJ), um dos fundadores do PSOL. O partido aposta na militância para conseguir votos. Rubem Fonseca Filho, da coordenação da campanha do PDT, concorda: "Achamos ótimo isso [a nova legislação], porque os candidatos maiores levavam uma vantagem enorme".
Em 2002, as ruas já tinham material de campanha de Lula desde o início de julho. Na segunda metade do mês, o comitê de José Serra havia espalhado 2.100 outdoors por 30 grandes centros urbanos do país, ao custo de cerca de R$ 875 mil por quinzena -período para renovação de contratos com as empresas de propaganda.


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