São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Economia explica popularidade, diz Lula sobre pesquisa

Aprovação do presidente permanece em 48%, segundo Datafolha, apesar de caos aéreo e acidente da TAM

Em encontro do PSDB, Serra diz não ter visto pesquisa; deputados tucanos criticam governo e afirmam que o "teflon começa a trincar"

LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Ao chegar na noite de ontem à Cidade do México, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não se preocupa com pesquisas. Foi uma resposta ao resultado do Datafolha de ontem, que mostra a popularidade do presidente inabalada, apesar do caos aéreo que se prolonga há 10 meses e do acidente com o avião da TAM.
"Vocês me conhecem há muitos anos e sabem que a mim não me preocupam pesquisas", afirmou. O presidente creditou o bom desempenho aos "números mais que satisfatórios" da economia brasileira.
Lula disse que "as coisas no Brasil estão indo, os números da economia estão mais do que satisfatórios", e que o Brasil entrou "definitivamente no caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento". Acrescentou: "O povo tem percebido isso, porque isso termina resultando em conquistas diretas da sociedade".
Nos bastidores, o presidente comemorou o resultado da pesquisa, segundo o blog de Josias de Souza. "De notícia boa eu nunca canso", disse Lula, segundo o blog, numa alusão ao movimento "Cansei".
A oposição também comentou a pesquisa, que revelou que 48% acham o governo ótimo ou bom, mesmo índice de março.
"A parcela que tem nível de informação adequado é pequena. Isso beneficia um governo demagógico, que tem o ministério da propaganda martelando na cabeça das pessoas. O Lula não é o pai dos pobres, é o pai dos desinformados", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio.
No Congresso Estadual do PSDB, na Praia Grande (SP), o governador de São Paulo, José Serra, disse desconhecer os resultados. "Eu vou analisar. Em todo caso, não sou comentarista político dos jornais. Isso cabe aos jornalistas analisarem", disse. Minutos antes, ao discursar, ele fez críticas indiretas ao governo Lula. "O PSDB governa para todos. Não para uma patota, não para uma turma de amigos. Quando estamos na oposição, nunca jogamos no quanto pior melhor".
Também em discurso ao partido, o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima, atribuiu o desempenho de Lula a uma deficiência de comunicação do PSDB na divulgação de seu trabalho e nas críticas ao governo. Alguns tucanos apostaram que um desgaste do presidente virá.
"Essa situação não vai durar indefinidamente. Este é um governo inerte", disse o deputado federal Arnaldo Madeira. Ao analisar a queda de aprovação de Lula entre os eleitores da classe média, Barros Munhoz, afirmou: "O teflon que blinda Lula começa a trincar".

Aliados
Ontem, no Amazonas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao ser questionado sobre o Datafolha, afirmou que "os incidentes não podem ser atribuídos exclusivamente ao presidente". "Há uma percepção nítida da população de que o governo não está parado, o governo age com determinação do próprio presidente", disse.
No Congresso Estadual do PT de São Paulo, o ex-ministro José Dirceu disse que "a pesquisa retrata o carisma do Lula e os avanços do país". Sobre os atos contra Lula, Dirceu disse que a oposição tem direito de fazê-los. "Mobilização por mobilização, nós também podemos fazer. Temos capacidade para isso. Sou de opinião que tem de fazer. Independentemente de eles fazerem ou não.
As ruas deste país foram sempre nossas, das forças políticas populares."


Colaboraram a Sucursal de Brasília, a Reportagem Local e a Agência Folha


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