São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Em visita ao México, Lula critica protecionismo dos EUA

Presidente diz querer aproximar países; ele pediu apoio a mercado de biocombustíveis, mas deve assinar acordo sobre petróleo

LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem ao México, onde vai participar de seminário com empresários e com o colega mexicano Felipe Calderón. Ele resumiu assim sua presença no país: "Estou aqui para vender a imagem do Brasil, os produtos brasileiros, e para comprar a imagem dos produtos do México".
Lula classificou como "extremamente importante" sua visita ao país e ressaltou que tem trabalhado para que o México se aproxime cada vez mais da América Latina e do Sul.
"Temos trabalhado numa expectativa de que as duas maiores economias da América Latina possam desenvolver ainda mais a sua relação comercial, a sua relação científico-tecnológico. Ou seja, temos muito a aprender e a ensinar", afirmou.
Em artigo publicado no jornal "El Universal", um dos maiores do México, ontem, Lula fez uma crítica velada aos Estados Unidos ao defender que "no nosso continente, não necessitamos muros".
Ele pediu apoio à tentativa de estabelecer um mercado mundial de biocombustíveis, principal projeto do presidente no campo energético.
Nos próximos dias, o presidente passará por Honduras, Nicarágua, Jamaica e Panamá.
No texto, Lula diz que México e Brasil devem compartilhar "objetivos e aspirações" e defende uma América Latina "economicamente integrada, socialmente solidária e politicamente democrática".
É um passo para tentar dirimir a rivalidade entre os países, principais economias latino-americanas, que conviveram praticamente "de costas" uma para a outra durante os últimos 15 anos.
Agora, e ironicamente sob a gestão do conservador Felipe Calderón, Brasil e México acenam com o desejo de ficar mais próximos.
Ao defender a integração, disse: "Precisamos de estradas, pontes, gasodutos e linhas de transmissão. A verdadeira integração demanda que circulem livremente não só mercadorias e serviços mas também pessoas e idéias".
A frase é uma crítica velada ao protecionismo americano, não só o comercial. Um ponto sensível na relação México-EUA é o muro que os americanos erguem na fronteira.

Petróleo
Lula expressa no artigo o desejo de contar com o México "na campanha para estabelecer um mercado mundial para combustíveis mais limpos, baratos e renováveis".
Mas também fala em petróleo. Na visita, é esperada a assinatura de um memorando de entendimento para aproximar a Petrobras e a estatal mexicana Pemex.
Hoje, haverá um seminário entre empresários brasileiros e mexicanos, com a participação de Lula e Calderón. Presidente da CNI, Armando Monteiro disse que o objetivo é tentar ampliar e rever acordos de redução de tarifas entre os dois países para alguns produtos.


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