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entrevista
"É notório o envolvimento da governadora"
DA ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Leia abaixo os principais
trechos da entrevista em que
o empresário Lair Ferst envolve governadora Yeda Crusius (PSDB) em fraude:
FOLHA - A troca de fundações
foi fruto de decisão do governo?
LAIR FERST - Não seria possível essa mudança sem orientação política de governo,
sem respaldo político.
FOLHA - Do alto escalão?
FERST - Do governo como
um todo, na sua plenitude.
FOLHA - Da governadora?
FERST - Na CPI do Detran, o
próprio [ex-] presidente do
Detran, Flávio Vaz Netto,
disse que teve reuniões tratando deste assunto [com
Yeda]. Ela se reuniu também
com sindicatos de examinadores. É público e notório
que houve o envolvimento
da governadora neste processo. [...] Aparecerão nomes
que não foram nem citados
no inquérito. Há vários personagens que não foram citados que poderão a ter sua
participação esclarecida.
FOLHA - Quem são?
FERST - Não posso antecipar
nomes nem conteúdos. Essas conversações se obrigam
ao sigilo. Esse tipo de acordo
[com o Ministério Público]
só tem razão de ser para esclarecer pontos que a investigação não conseguiu.
FOLHA - Qual é a sua relação
com o governo?
FERST - Tenho amizade com
a maioria dos integrantes do
governo, mas isso não quer
dizer que tenha qualquer
vínculo com o governo. Uma
relação de amizade que vem
da campanha eleitoral. Depois da posse, me afastei bastante deste grupo e fui cuidar
da minha vida. Até o dia da
posse nós tínhamos um relacionamento muito intenso
por conta da campanha.
FOLHA - E com a governadora?
FERST - Inclusive com a governadora. Depois da posse,
eu tive alguns encontros, algumas conversas com ela.
Foram conversas sobre assuntos de amizade, não houve tratativas de cargos ou
participação no governo.
FOLHA - Por que o sr. não falou
isso antes?
FERST - Eu procurei não potencializar essa relação em
função do clima quente do
debate político que se travou
na CPI. Havia interesse claro
de atingir o governo, eu não
achava que era conveniente
que eu servisse de munição
para a oposição.
FOLHA - Por que deixou o PSDB?
FERST - Para que eu ficasse livre de citações e vinculações
políticas e para deixar o partido à vontade. Nem todo
partido se sente à vontade
com um filiado sub judice.
Minha desfiliação tira um
certo peso do partido.
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