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Governo dos EUA diz que já não teme
Lula presidente
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Lula já não mete mais medo no
governo dos EUA.
Depois de duas décadas de democratização e três eleições presidenciais no Brasil, o Departamento de Estado norte-americano faz
questão de mostrar que os EUA
não temem uma eventual vitória
do petista nas eleições presidenciais do próximo ano.
"Os EUA se preocupam em assegurar o compromisso democrático dos governos e de candidatos latino-americanos", disse à
Folha Curt Struble, subsecretário
assistente de Estado dos EUA para o hemisfério Ocidental. "No caso de Lula, embora ele defenda
posições das quais discordamos,
não há dúvidas quanto ao fato de
ser um democrata. A democracia
no Brasil está madura. Sabemos
que o presidente que for eleito assumirá e ficará no poder durante
o período de seu mandato."
Os comentários de Struble à Folha se somam a declarações semelhantes de seu chefe, o subsecretário de Estado em exercício, Lino
Gutierrez, publicadas pelo jornal
"Miami Herald" na semana passada. "Lula não me deixa nervoso", disse ele ao colunista Andres
Oppenheimer ao falar sobre a reação que os EUA teriam a uma
eventual vitória de candidatos de
oposição nas próximas eleições
presidenciais latino-americanas.
Gutierrez negou, de forma enfática, qualquer semelhança entre
Lula e Daniel Ortega, líder sandinista e ex-presidente da Nicarágua (1979-1990) que comandou
uma guerra contra rebeldes
apoiados pelos EUA. Ortega lidera a corrida presidencial de novembro na Nicarágua e, como fez
o PT alguns meses atrás, abrandou algumas de suas posições que
são identificadas pelos EUA como
radicais e antiamericanas. "Ortega e alguns de seus amigos têm dito que os EUA não estão preocupados com a Frente de Libertação
Nacional Sandinista e isso não é
verdade. Já o Brasil mostrou uma
tremenda maturidade e adesão à
democracia, em todos os níveis.
Lula não me deixa nervoso."
Embora os EUA não reconheçam uma mudança de posição, as
declarações de Struble e de Gutierrez refletem uma nova atitude
norte-americana com relação a
Lula e a democracia no Brasil.
É verdade que, durante as três
últimas eleições presidenciais
brasileiras, os EUA evitaram ataques diretos a Lula e disseram que
trabalhariam positivamente com
qualquer candidato que fosse eleito. No entanto, nunca elogiaram o
petista, preferindo sempre enfatizar preocupação com itens de sua
plataforma que consideravam antiamericanos ou contrários à economia de mercado.
Um exemplo da reticência norte-americana foi a incapacidade
do ex-embaixador dos EUA no
Brasil, Melvin Levitz, de encontrar-se com Lula durante a campanha de 1994. O embaixador creditou o fracasso a um problema
na agenda de ambos.
"Boa parte da mudança de percepção dos norte-americanos sobre Lula resulta de uma visão
mais positiva que passaram a ter
do PT nos últimos dois anos", disse Raquel Menezes, pesquisadora
da entidade norte-americana Interamerican Dialogue. "Ao contrário do observado em 89, 94 e
98, os EUA hoje entendem que o
partido é composto por alas moderadas e tem viabilidade administrativa."
Menezes diz que a aceitação política de Lula não elimina a desconfiança dos norte-americanos
para com seu projeto econômico.
"A opinião do Departamento de
Estado reflete apenas um aspecto
da posição norte-americana. Seria ingênuo achar que os departamentos do Tesouro e de Comércio deixaram de temer um tratamento hostil do PT ao capital estrangeiro e aos credores do país."
Além do Brasil e da Nicarágua,
Colômbia, Honduras e Costa Rica
realizarão eleições em 2001 e 2002.
Malan
Ontem, Lula -que está viajando pelo Nordeste- disse que, pela sua intuição, só o ministro da
Fazenda, Pedro Malan, tem condições de ser o candidato de FHC
à Presidência. "Se dependesse do
Fernando Henrique, seria o Malan, porque teria de ser um candidato do tamanho do ego dele. Só o
Malan poderia defender a política
econômica dele [FHC". O Serra
[ministro da Saúde" e o Tasso Jereissati [governador do Ceará"
não têm a mesma convicção."
O petista chamou de "esmola"
os R$ 15 dados pelo governo federal a cada criança atendida pelo
programa Bolsa-Escola e os R$ 60
dados às famílias atingidas pela
seca no Bolsa-Renda.
Colaborou KAMILA FERNANDES, da
Agência Folha em Tauá (CE)
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