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Belluzzo pede autonomia para conselho da TV pública
Economista aceita convite do presidente e também solicita orçamento fixo para a rede
Pesaram para sua indicação seu bom relacionamento com tucanos e o fato de ser conselheiro informal de Lula desde o primeiro mandato
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O economista Luiz Gonzaga
Belluzzo, que presidirá o conselho curador da rede pública
de TV que o governo lançará
em setembro, deve convidar
personalidades da área da cultura como o documentarista
Eduardo Coutinho, o cantor de
rap MV Bill e a escritora Nélida
Piñon para integrar a equipe.
Em conversa ontem no Palácio do Planalto, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva acertou com Belluzzo sua indicação
para a presidência do conselho
curador da rede pública de TV
que o governo lançará em dezembro. Ele havia sido sondado, convidado e pediu prazo para pensar e consultar amigos.
Ontem, o "Painel" da Folha antecipou que ele aceitara.
As boas relações de Belluzzo
com setores do PSDB e com os
defensores do pensamento
econômico chamado de "desenvolvimentista" contaram a
favor do convite de Lula. O economista tem sido, desde o primeiro mandato, conselheiro
informal do petista. Belluzzo já
recusou cargos no governo Lula, alegando não ter perfil executivo. Ele integrou a equipe
econômica do governo Sarney.
Lula acha positiva a amizade
de Belluzzo com o governador
de São Paulo, o tucano José
Serra. Na visão presidencial,
essa relação ajudaria a tirar da
TV o carimbo de "rede do PT",
crítica freqüente da oposição e
da setores da mídia ao projeto.
Belluzzo presidirá o conselho
curador que dará diretrizes da
TV a uma diretoria-executiva.
Belluzzo é consultor editorial da revista "Carta Capital",
que tem uma linha editorial
vista com simpatia por Lula e
seus ministros. Ele também é
colunista do jornal "Valor Econômico" e da Folha, onde escreve a cada quatro semanas.
Filiado ao PPS, partido que
hoje faz oposição a Lula, Belluzzo sempre foi um crítico da
política econômica do ex-ministro Antonio Palocci. Era ouvido por Lula no primeiro
mandato, mas aumentou sua
influência com a entrada de
Guido Mantega no Ministério
da Fazenda, em 2006.
A Folha apurou que Belluzzo pediu a Lula autonomia para
indicar conselheiros e garantia
de que haveria um orçamento
fixo para a rede pública. O presidente, que torce pelo Corinthians, disse ao palmeirense
Belluzzo para nomear quem
ele quisesse. E falou, em tom de
brincadeira: "Pode indicar até
mesmo aqueles seus amigos lá
do Palmeiras".
Belluzzo disse a Lula que
pretendia indicar conselheiros
com trânsito em todos os partidos, inclusive em siglas da oposição, como o PSDB. Em 2002,
Belluzzo apoiou Serra na disputa pela candidatura presidencial do PSDB contra o então governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin. Chegou a assinar um manifesto a favor do
projeto presidencial de Serra.
Como Alckmin saiu vencedor
na disputa tucana, Belluzzo
deu apoio a Lula na eleição presidencial e a Serra na disputa
pelo governo paulista.
A idéia de Belluzzo é que
a rede pública se inspire na
britânica BBC. O presidente se
comprometeu a atender a reivindicação de garantia de uma
cota fixa de financiamento à
rede no orçamento federal.
O economista resiste a aderir
a um modelo que permita publicidade nos moldes tradicionais em redes de TV. Prefere
que os programas da rede recebam patrocínios.
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