São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Belluzzo pede autonomia para conselho da TV pública

Economista aceita convite do presidente e também solicita orçamento fixo para a rede

Pesaram para sua indicação seu bom relacionamento com tucanos e o fato de ser conselheiro informal de Lula desde o primeiro mandato

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que presidirá o conselho curador da rede pública de TV que o governo lançará em setembro, deve convidar personalidades da área da cultura como o documentarista Eduardo Coutinho, o cantor de rap MV Bill e a escritora Nélida Piñon para integrar a equipe.
Em conversa ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou com Belluzzo sua indicação para a presidência do conselho curador da rede pública de TV que o governo lançará em dezembro. Ele havia sido sondado, convidado e pediu prazo para pensar e consultar amigos. Ontem, o "Painel" da Folha antecipou que ele aceitara.
As boas relações de Belluzzo com setores do PSDB e com os defensores do pensamento econômico chamado de "desenvolvimentista" contaram a favor do convite de Lula. O economista tem sido, desde o primeiro mandato, conselheiro informal do petista. Belluzzo já recusou cargos no governo Lula, alegando não ter perfil executivo. Ele integrou a equipe econômica do governo Sarney.
Lula acha positiva a amizade de Belluzzo com o governador de São Paulo, o tucano José Serra. Na visão presidencial, essa relação ajudaria a tirar da TV o carimbo de "rede do PT", crítica freqüente da oposição e da setores da mídia ao projeto. Belluzzo presidirá o conselho curador que dará diretrizes da TV a uma diretoria-executiva.
Belluzzo é consultor editorial da revista "Carta Capital", que tem uma linha editorial vista com simpatia por Lula e seus ministros. Ele também é colunista do jornal "Valor Econômico" e da Folha, onde escreve a cada quatro semanas.
Filiado ao PPS, partido que hoje faz oposição a Lula, Belluzzo sempre foi um crítico da política econômica do ex-ministro Antonio Palocci. Era ouvido por Lula no primeiro mandato, mas aumentou sua influência com a entrada de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, em 2006.
A Folha apurou que Belluzzo pediu a Lula autonomia para indicar conselheiros e garantia de que haveria um orçamento fixo para a rede pública. O presidente, que torce pelo Corinthians, disse ao palmeirense Belluzzo para nomear quem ele quisesse. E falou, em tom de brincadeira: "Pode indicar até mesmo aqueles seus amigos lá do Palmeiras".
Belluzzo disse a Lula que pretendia indicar conselheiros com trânsito em todos os partidos, inclusive em siglas da oposição, como o PSDB. Em 2002, Belluzzo apoiou Serra na disputa pela candidatura presidencial do PSDB contra o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Chegou a assinar um manifesto a favor do projeto presidencial de Serra. Como Alckmin saiu vencedor na disputa tucana, Belluzzo deu apoio a Lula na eleição presidencial e a Serra na disputa pelo governo paulista.
A idéia de Belluzzo é que a rede pública se inspire na britânica BBC. O presidente se comprometeu a atender a reivindicação de garantia de uma cota fixa de financiamento à rede no orçamento federal. O economista resiste a aderir a um modelo que permita publicidade nos moldes tradicionais em redes de TV. Prefere que os programas da rede recebam patrocínios.


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