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Jobim tenta, mas não emplaca seu aliado na PF
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de emplacar um
apoiado seu no STF (Supremo
Tribunal Federal), o ministro
Nelson Jobim (Defesa) atuou
nos bastidores da sucessão do
comando da Polícia Federal.
Apresentando-se em seu nome,
o ex-diretor-geral Vicente Chelotti sondou pelo menos um colega sobre a possibilidade de assumir a cadeira do então titular, Paulo Lacerda.
Há cerca de três semanas,
Chelotti ligou para o delegado
José Geraldo Araújo, superintendente da PF no Pará, que
acabara de assumir o posto depois de comandar a regional de
São Paulo. Com mais de 30
anos de serviço, ex-adido na
Colômbia, ele é considerado
um dos delegados mais experientes da instituição.
Conforme a Folha apurou,
em um telefonema, Chelotti,
que é amigo de Jobim e foi diretor da PF quando o ele ocupava a pasta da Justiça, disse ao
colega que o ministro da Defesa tinha intenção de promover
uma aproximação entre as
ações de sua pasta e a PF. Daí
surgiu a sondagem.
Procurado pela Folha, Araújo respondeu: "Não confirmo
nem desminto". A abordagem
ocorreu há cerca de três semanas, quando Araújo foi destacado para conduzir um processo
em Brasília.
A gestão de Jobim no Ministério da Justiça, de 1995 a 1997,
durante o governo Fernando
Henrique, coincidiu com a de
Chelotti na direção-geral da PF
(1995-1999). Chelotti, que é delegado aposentado e hoje advoga, nega oficialmente a consulta ao colega. "Isso é totalmente
inverídico. O Geraldo é meu
amigo. Eu o convidei para tomar um vinho. O Nelson é ministro da Defesa, não da Justiça. Ele não se imiscuiria em
área do ministro Tarso [Genro,
da Justiça]". Jobim estava em
trânsito ontem e não foi localizado para comentar o caso.
O episódio tem substância
suficiente para se transformar
em mais um ponto de choque
entre Tarso e Jobim. Ambos
têm pretensões eleitorais em
2010 e vêm travando uma disputa pública por espaço no cenário político.
O primeiro choque ocorreu
em 26 de julho, um dia depois
da posse de Jobim na Defesa,
quando o Ministério da Justiça, em parceria com os Procons
de Brasília e São Paulo, promoveu fiscalização em aeroportos
para checar se as empresas aéreas cumpriam os seus deveres
em relação ao consumidor.
Na ocasião, a secretária nacional de Direito Econômico,
Mariana Tavares, subordinada
a Tarso, afirmou que "o ministro, no que se refere à defesa do
consumidor, entendeu que as
medidas da Anac [órgão ligado
à Defesa] foram insuficientes e
decidiu ser mais enérgico".
Em agosto, Jobim venceu
Tarso ao conseguir emplacar
no STF o ministro do Superior
Tribunal de Justiça Carlos Alberto Direito. Direito tomou
posso ontem na vaga de Sepúlveda Pertence. Tarso o considerava conservador, e defendia
o advogado Roberto Caldas.
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