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Propostas estão emperradas na Câmara
VALÉRIA DE OLIVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os dois principais projetos de lei
defendidos pela candidata do PT
à Prefeitura de São Paulo, Marta
Suplicy, na Câmara dos Deputados estão emperrados porque enfrentam oposição de deputados
ligados a igrejas.
O projeto que disciplina a união
civil entre pessoas do mesmo sexo, de autoria de Marta, entrou na
pauta de votações em 19 de janeiro do ano passado, teve a apreciação adiada e nunca mais voltou a
ser discutido.
Por causa da polêmica levantada por parlamentares ligados tanto à Igreja Católica quanto a religiões evangélicas e espíritas, o
projeto não conseguiu consenso
nem para que a decisão fosse tomada por meio de voto nominal.
Não há perspectiva de que ela volte ao plenário da Câmara.
O projeto de Marta assegura a
casais gays, além do reconhecimento de seu casamento pela Justiça, proteção de direitos dos cônjuges, iguais aos dos casais heterossexuais -como o de propriedade dos bens do casal após morte ou separação judicial.
Outra proposta apoiada pela
candidata petista já poderia ter seguido para o Senado, não fossem
os recursos impetrados por deputados religiosos.
A proposta prevê que o SUS
(Sistema Único de Saúde) seja
obrigado a executar abortos previstos pela lei, ou seja, em casos de
estupro e de risco de vida para a
mulher. Foi apresentada em 1991
pelo deputado Eduardo Jorge
(PT-SP) e pela então deputada
Sandra Starling (PT-MG).
A matéria foi aprovada nas comissões de Seguridade Social e
Família e Constituição e Justiça,
que têm poder conclusivo, quer
dizer, prescindem da decisão do
plenário da Câmara. Não foi encaminhada para análise dos senadores porque os deputados Salvador
Zimbaldi (PSDB-SP), ligado à ala
carismática da Igreja Católica, e
Robson Tuma (PFL-SP) entraram
com recurso.
Severino Cavalcanti (PPB-PE),
católico, é tão contra a medida
que apresentou um projeto de decreto legislativo para derrubar
uma norma técnica editada em 98
pelo Ministério da Saúde que, na
avaliação dele, reproduz o teor da
proposta de Jorge e Starling.
Se fosse aprovada a proposta
dos petistas, as mulheres não seriam mais obrigadas a apresentar
exame médico atestando estupro
para terem direito a aborto bancado pelo governo na rede SUS.
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