São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2001

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Itamar discorda de programa eleitoral e volta a ameaçar sair do PMDB

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, voltou a entrar em atrito com a cúpula nacional do PMDB, agora por conta do programa de TV do partido que vai apresentar a prévia que escolherá em janeiro o candidato da sigla à Presidência. Ele ameaçou novamente deixar o partido.
Enviado pelo presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), o marqueteiro Edson Barbosa ficou pouco tempo ontem no Palácio da Liberdade para apresentar a Itamar o piloto do programa de TV. O governador ouviu o que Barbosa tinha a dizer, o dispensou e mandou que sua assessoria divulgasse a seguinte nota: "Após ouvi-lo, Itamar Franco pediu para informar à imprensa que ele, governador, não é menino de recados de prévias do PMDB, em que o programa procuraria transformá-lo".
Nada mais foi dito -nem sequer em que condições o governador aceitaria participar do programa. Sabe-se apenas que Itamar quer usar o palanque eletrônico do PMDB para dizer o que bem entender, mas que a cúpula do partido não aceitará ataques a FHC, de quem é aliada.
Surgiram novos rumores sobre a saída de Itamar do PMDB. O secretário de Turismo e presidente do PDT mineiro, Manoel Costa, foi ao Palácio da Liberdade, mas disse que era "apenas especulação". Os rumores começaram na noite anterior, quando Itamar se irritou ao saber que Temer disse que não foi feito acordo algum para evitar sua ida para o PDT.
Segundo o presidente do PMDB-MG, deputado federal Saraiva Felipe, teria sido feito acordo com a cúpula nacional do partido para que um itamarista assumisse a vaga de 1º vice-presidente do PMDB. Felipe é ligado ao vice-governador Newton Cardoso, maior interessado na permanência de Itamar por conta da sua candidatura ao governo mineiro.
Ainda na noite de anteontem, Itamar tentou encerrar essa questão afirmando que confiava na palavra do senador Renan Calheiros (AL), que intermediou o acordo. Depois, o deputado federal Hélio Costa (PMDB-MG), amigo de Itamar, disse, após encontro com o governador, que não houve nenhum acerto com Temer, mas que "se o vice-presidente que se desligou [o senador José Alencar" era de Minas Gerais, evidentemente que essa vaga só pode ser ocupada por outro mineiro".
Antes que a polêmica acabasse, surgiu o marqueteiro enviado por Temer. As primeiras ameaças de Itamar de deixar o partido já tinham como pano de fundo o programa de TV do PMDB.


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