São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DISTRITO FEDERAL

Suposto envolvimento de Joaquim Roriz, candidato à reeleição, dá fôlego a adversários

Denúncia de grilagem pode levar a 2º turno

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O suposto envolvimento do governador Joaquim Roriz (PMDB) em um esquema de grilagem de terras públicas pode levar a eleição no Distrito Federal para o segundo turno. Nas pesquisas, a diferença entre Roriz e a soma dos outros candidatos, que já foi de 14 pontos percentuais, caiu para quatro pontos percentuais.
Caso ocorra segundo turno, o DF assistirá pela terceira vez a disputa direta entre Roriz ou aliados dele e o PT. Em 1994, o candidato apoiado por Roriz -Valmir Campello, então no PTB- perdeu para Cristovam Buarque, ex-reitor da UnB (Universidade de Brasília) e estreante em eleições à época. Em 98, Roriz venceu a eleição com apenas três pontos de vantagem sobre Cristovam e acentuou a polarização entre o "azul", cor que o governador utiliza, e o vermelho, que do PT.
O acirramento entre os militantes de Roriz e do PT levou o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) a pedir reforço policial para impedir que ocorram conflitos hoje.
Nesta eleição presidencial, com o favoritismo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Roriz está tentando ganhar os votos de eleitores petistas. No último programa do horário eleitoral gratuito, o programa de Roriz mostrou imagens de Lula, trajando uma camisa azul, em um comício em Brasília, e um locutor dizendo: "No fundo, no fundo, Lula também é Roriz".
Lula esteve em Brasília na semana passada para tentar alavancar a candidatura de Geraldo Magela (PT), que está em segundo lugar nas pesquisas com 35% dos votos válidos, de acordo com pesquisa Ibope divulgada ontem. Os outros candidatos são Rodrigo Rollemberg (PSB), com 6%, Benedito Domingos (PPB), com 7%, e Carlos Alberto (PPS), com 1%. Roriz lidera com 50%.
O favoritismo de Roriz foi abalado pela divulgação de conversas telefônicas, gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial, que o envolveriam em suposto esquema de grilagem. O TRE proibiu a Folha e outros meios de comunicação (jornais, rádios e emissoras de televisão) de divulgar os diálogos contidos nas fitas.
Nas conversas, Pedro Passos, candidato a deputado distrital pelo PSD e acusado de parcelamento ilegal de terras e grilagem, pede ao governador a interrupção de fiscalização da Terracap (estatal que administra as terras públicas de Brasília) em condomínio residencial de classe média. O projeto, irregular, estava sendo tocado por Passos e seu irmão, Márcio.
Diante das denúncias, deputados de oposição protocolaram na Câmara Legislativa do DF um pedido de impeachment do governador. O pedido deverá ser arquivado, pois Roriz possui maioria.
O governador também é réu em duas ações cíveis na Justiça Federal que investigam o parcelamento ilegal de terras e é alvo de uma notícia-crime no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Além das denúncias de suposto envolvimento com grilagem de terras públicas, Roriz é acusado pela oposição de utilizar a máquina do governo para favorecer sua campanha e de tentar fraudar a eleição. A assessoria de imprensa de Roriz nega as acusações.
O governador esteve no Ministério da Justiça e no Ministério Público para dizer que apóia as investigações e que abriria mão de seus sigilos fiscal e bancário.
A Procuradoria Regional Eleitoral entrou com uma ação no TRE contra Roriz por uso indevido da máquina do governo em favor da sua candidatura à reeleição. Roriz teria prometido doar lotes a eleitores em comício. (SANDRO LIMA)


Texto Anterior: Outros estados
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.