São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Assessor de Renan é acusado de espionagem

Francisco Escórcio nega e diz que foi mal interpretado

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um assessor especial do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tentou um plano para espionar os senadores goianos Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB), segundo disse à Folha o congressista do Democratas. "Eu tive notícias sobre isso, um amigo me contou." O amigo é Pedrinho Abrão, empresário e ex-deputado por Goiás.
Na segunda-feira, o assessor especial de Renan Francisco Escórcio, ex-senador pelo PMDB, encontrou-se com Abrão em Goiânia, no escritório do advogado Eli Dourado.
Segundo a Folha apurou, Escórcio queria ajuda de Abrão para grampear os telefones dos dois congressistas e fotografá-los embarcando em jatinhos de empresários da região. Abrão é dono de um hangar e uma empresa de aviação em Goiânia.
A investida de Escórcio, no entanto, fracassou. Amigo de Demóstenes, Abrão telefonou para o senador e contou a conversa com o assessor.
"Eu vou chamar o meu partido para ver o que aconteceu e quais providências vamos tomar", disse Demóstenes. Segundo a Folha apurou, o democrata teve a informação de que Renan estava por trás do plano de espionagem e teria tentado, também sem sucesso, contratar a Kroll para investigá-lo.
A Folha não conseguiu contatar ontem à noite a assessoria do presidente do Senado.

Versões
À Folha Escórcio confirmou que foi a Goiânia e que de fato esteve com Abrão. Mas conta uma versão bem diferente. Ele disse que o escritório de Eli Dourado havia sido contratado por um grupo do PMDB desde outubro do ano passado. Os advogados estariam os ajudando em processos contra o governador Jackson Lago (Maranhão), inimigo do senador José Sarney (PMDB-AP), a quem Escórcio é muito ligado.
Ele disse que foi a Goiânia buscar um material sobre supostas irregularidades cometidas pelo grupo de Lago para repassar a um canal de TV, que teria interesse em fazer uma reportagem sobre o caso. Escórcio contou que é amigo de Abrão e que, como estava em Goiânia, telefonou para ele e pediu que o encontrasse no escritório de advocacia.
"Fiz perguntas sobre o Marconi e o Demóstenes, mas sobre a conjuntura política. Não tinha nada a ver com levantar informações contra os dois. Isso não tem o menor cabimento. Ele [Abrão] deve ter confundido as coisas", disse Escórcio.
Escórcio não esconde que faz levantamentos contra inimigos políticos de peemedebistas a quem é ligado, como no caso de Jackson Lago, mas afirma que isso não ocorreu contra os senadores goianos. Ele acusa Demóstenes de querer se proteger antecipadamente de eventuais acusações.
"Quem não deve, não teme. Se eu não devo nada, que vasculhem minha vida. Por que o medo [de Demóstenes]? Eu não fiz nada, mas agora eu me pergunto: por que estão se blindando preventivamente?", questionou Escórcio.
Demóstenes Torres tem sido um dos principais opositores a Renan, desde que começaram as acusações de irregularidades contra o presidente do Senado. Tendo se livrado de uma representação no Conselho de Ética, Renan ainda enfrenta outras três por suspeita de quebra de decoro parlamentar.
O senador Demóstenes defendeu publicamente, várias vezes, que Renan Calheiros se afastasse da Presidência do Senado.
A Folha não conseguiu localizar nem Marconi Perillo nem Pedrinho Abrão.


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