|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Assessor de Renan é acusado de espionagem
Francisco Escórcio nega e diz que foi mal interpretado
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um assessor especial do senador Renan Calheiros
(PMDB-AL) tentou um plano
para espionar os senadores
goianos Demóstenes Torres
(DEM) e Marconi Perillo
(PSDB), segundo disse à Folha
o congressista do Democratas.
"Eu tive notícias sobre isso, um
amigo me contou." O amigo é
Pedrinho Abrão, empresário e
ex-deputado por Goiás.
Na segunda-feira, o assessor
especial de Renan Francisco
Escórcio, ex-senador pelo
PMDB, encontrou-se com
Abrão em Goiânia, no escritório do advogado Eli Dourado.
Segundo a Folha apurou, Escórcio queria ajuda de Abrão
para grampear os telefones dos
dois congressistas e fotografá-los embarcando em jatinhos de
empresários da região. Abrão é
dono de um hangar e uma empresa de aviação em Goiânia.
A investida de Escórcio, no
entanto, fracassou. Amigo de
Demóstenes, Abrão telefonou
para o senador e contou a conversa com o assessor.
"Eu vou chamar o meu partido para ver o que aconteceu
e quais providências vamos
tomar", disse Demóstenes.
Segundo a Folha apurou, o
democrata teve a informação
de que Renan estava por
trás do plano de espionagem
e teria tentado, também sem
sucesso, contratar a Kroll para
investigá-lo.
A Folha não conseguiu contatar ontem à noite a assessoria
do presidente do Senado.
Versões
À Folha Escórcio confirmou
que foi a Goiânia e que de fato
esteve com Abrão. Mas conta
uma versão bem diferente. Ele
disse que o escritório de Eli
Dourado havia sido contratado
por um grupo do PMDB desde
outubro do ano passado. Os advogados estariam os ajudando
em processos contra o governador Jackson Lago (Maranhão), inimigo do senador José
Sarney (PMDB-AP), a quem
Escórcio é muito ligado.
Ele disse que foi a Goiânia
buscar um material sobre supostas irregularidades cometidas pelo grupo de Lago para repassar a um canal de TV, que
teria interesse em fazer uma
reportagem sobre o caso. Escórcio contou que é amigo de
Abrão e que, como estava em
Goiânia, telefonou para ele e
pediu que o encontrasse no escritório de advocacia.
"Fiz perguntas sobre o Marconi e o Demóstenes, mas sobre a conjuntura política. Não
tinha nada a ver com levantar
informações contra os dois. Isso não tem o menor cabimento.
Ele [Abrão] deve ter confundido as coisas", disse Escórcio.
Escórcio não esconde que faz
levantamentos contra inimigos
políticos de peemedebistas a
quem é ligado, como no caso de
Jackson Lago, mas afirma que
isso não ocorreu contra os senadores goianos. Ele acusa Demóstenes de querer se proteger
antecipadamente de eventuais
acusações.
"Quem não deve, não teme.
Se eu não devo nada, que vasculhem minha vida. Por que o
medo [de Demóstenes]? Eu
não fiz nada, mas agora eu me
pergunto: por que estão se
blindando preventivamente?",
questionou Escórcio.
Demóstenes Torres tem sido
um dos principais opositores a
Renan, desde que começaram
as acusações de irregularidades
contra o presidente do Senado.
Tendo se livrado de uma representação no Conselho de Ética,
Renan ainda enfrenta outras
três por suspeita de quebra de
decoro parlamentar.
O senador Demóstenes defendeu publicamente, várias
vezes, que Renan Calheiros se
afastasse da Presidência do Senado.
A Folha não conseguiu localizar nem Marconi Perillo nem
Pedrinho Abrão.
Texto Anterior: Salgado fala em saída; suplente foi investigado Próximo Texto: "Às vezes é o partido que muda", diz Lula no Sul Índice
|