São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Partidos orientam troca-troca municipal

Alterações ocorrem principalmente entre candidatos a prefeito e vereador, que tinham até ontem para mudar de legenda

Lideranças disseram para correligionários migrarem de sigla, se fosse proveitoso eleitoralmente; deputados federais desistiram da troca

RANIER BRAGON
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que fortaleceu as regras de fidelidade partidária, o troca-troca entre as legendas sofreu um esvaziamento, mas continuou ocorrendo, principalmente entre candidatos a prefeito e vereador, que tinham até ontem para se filiar aos partidos pelos quais pretendem disputar as eleições de 2008.
A orientação das principais lideranças políticas de Brasília aos seus correligionários nos municípios era a de que mudassem de legenda caso isso fosse proveitoso eleitoralmente.
"Não só o PR, mas todos os partidos estão recebendo várias filiações de prefeitos e vereadores", afirmou Luciano Castro (RR), líder do partido na Câmara dos Deputados.
A continuidade do troca-troca ocorre devido a uma brecha que torna pouco factível algumas punições. Vereadores que se candidatarão à reeleição estão hoje a pouco mais de um ano do fim de seus mandatos. O raciocínio é o de que, na hipótese de o partido prejudicado entrar na Justiça requisitando o mandato, até que se julgue o processo e a Casa Legislativa decrete a cassação, o mandato ameaçado já terá acabado.
"Tem filiações hoje sim [ontem]. Prefeitos, vereadores, está vindo muita gente para o partido", disse o deputado Mario Negromonte (BA), líder da bancada do PP na Câmara. "Tem vereador me ligando desde as seis da manhã pedindo orientação. E eu digo: "O seu partido vai lhe negar a legenda para que você concorra? Então troque'", disse o deputado Flávio Dino (PC do B-MA).
No Congresso, vários deputados federais que planejavam trocar de agremiação mudaram de idéia, mas há quem mantenha a intenção. "Continuo disposto a mudar porque sofro perseguição do presidente do partido, Roberto Freire [PPS]. Ele se comporta de maneira autoritária, é o dono do PPS", disse Geraldo Thadeu (PPS-MG), que pode ir para o PMDB.
Dos 45 deputados federais que mudaram de legenda nesta legislatura, apenas 15 passaram a correr o risco de perderem o mandato depois da decisão do STF, já que aqueles que migraram até 27 de março -dia em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) interpretou que o mandato é do partido, não do político- obtiveram anistia.
Desses 15, somente 12 correm realmente risco, já que PP, PT e PR não manifestaram intenção de ingressar na Justiça requisitando os mandatos perdidos. No caso do PP, não haverá o questionamento judicial porque o deputado Carlos Souza (AM) se filiou novamente à legenda ontem, abandonando o PRB. "Ele é um grande quadro, havia saído sem problema, por umas questões regionais. Mas me ligou e disse que seu coração e sua alma ficaram no PP", disse Negromonte. Souza havia saído do PP porque não teria garantido a legenda para disputar a prefeitura de Manaus.
Já Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) disse: "Estou tranqüilo. Saí de um partido do governo para ir a outro, e já tive informações de que o PT não vai tentar reaver meu mandato". Dos 12 que ainda correm risco, Sérgio Brito (PMDB-BA) e Davi Alves Silva Júnior (PSC-MA) dependem de reunião da Executiva do PDT.
O partido que deve ingressar com o maior número de pedidos de devolução do mandato é o PTB. O presidente da legenda, Roberto Jefferson, afirmou que pedirá de volta cinco mandatos de deputados perdidos. "Esses políticos, além de não respeitarem o partido, não respeitam a Justiça", disse, pela assessoria.


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