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Partidos orientam troca-troca municipal
Alterações ocorrem principalmente entre candidatos a prefeito e vereador, que tinham até ontem para mudar de legenda
Lideranças disseram para correligionários migrarem de sigla, se fosse proveitoso eleitoralmente; deputados federais desistiram da troca
RANIER BRAGON
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois da decisão do
STF (Supremo Tribunal Federal) que fortaleceu as regras de
fidelidade partidária, o troca-troca entre as legendas sofreu
um esvaziamento, mas continuou ocorrendo, principalmente entre candidatos a prefeito e vereador, que tinham até
ontem para se filiar aos partidos pelos quais pretendem disputar as eleições de 2008.
A orientação das principais
lideranças políticas de Brasília
aos seus correligionários nos
municípios era a de que mudassem de legenda caso isso fosse
proveitoso eleitoralmente.
"Não só o PR, mas todos os
partidos estão recebendo várias filiações de prefeitos e vereadores", afirmou Luciano
Castro (RR), líder do partido na
Câmara dos Deputados.
A continuidade do troca-troca ocorre devido a uma brecha
que torna pouco factível algumas punições. Vereadores que
se candidatarão à reeleição estão hoje a pouco mais de um
ano do fim de seus mandatos. O
raciocínio é o de que, na hipótese de o partido prejudicado entrar na Justiça requisitando o
mandato, até que se julgue o
processo e a Casa Legislativa
decrete a cassação, o mandato
ameaçado já terá acabado.
"Tem filiações hoje sim [ontem]. Prefeitos, vereadores, está vindo muita gente para o
partido", disse o deputado Mario Negromonte (BA), líder da
bancada do PP na Câmara.
"Tem vereador me ligando desde as seis da manhã pedindo
orientação. E eu digo: "O seu
partido vai lhe negar a legenda
para que você concorra? Então
troque'", disse o deputado Flávio Dino (PC do B-MA).
No Congresso, vários deputados federais que planejavam
trocar de agremiação mudaram
de idéia, mas há quem mantenha a intenção. "Continuo disposto a mudar porque sofro
perseguição do presidente do
partido, Roberto Freire [PPS].
Ele se comporta de maneira autoritária, é o dono do PPS", disse Geraldo Thadeu (PPS-MG),
que pode ir para o PMDB.
Dos 45 deputados federais
que mudaram de legenda nesta
legislatura, apenas 15 passaram
a correr o risco de perderem o
mandato depois da decisão do
STF, já que aqueles que migraram até 27 de março -dia em
que o TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) interpretou que o
mandato é do partido, não do
político- obtiveram anistia.
Desses 15, somente 12 correm realmente risco, já que PP,
PT e PR não manifestaram intenção de ingressar na Justiça
requisitando os mandatos perdidos. No caso do PP, não haverá o questionamento judicial
porque o deputado Carlos Souza (AM) se filiou novamente à
legenda ontem, abandonando o
PRB. "Ele é um grande quadro,
havia saído sem problema, por
umas questões regionais. Mas
me ligou e disse que seu coração e sua alma ficaram no PP",
disse Negromonte. Souza havia
saído do PP porque não teria
garantido a legenda para disputar a prefeitura de Manaus.
Já Paulo Rubem Santiago
(PDT-PE) disse: "Estou tranqüilo. Saí de um partido do governo para ir a outro, e já tive
informações de que o PT não
vai tentar reaver meu mandato". Dos 12 que ainda correm
risco, Sérgio Brito (PMDB-BA)
e Davi Alves Silva Júnior (PSC-MA) dependem de reunião da
Executiva do PDT.
O partido que deve ingressar
com o maior número de pedidos de devolução do mandato é
o PTB. O presidente da legenda,
Roberto Jefferson, afirmou que
pedirá de volta cinco mandatos
de deputados perdidos. "Esses
políticos, além de não respeitarem o partido, não respeitam a
Justiça", disse, pela assessoria.
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