São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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Só no PSDB, Alckmin se rende e diz que seguirá partido

Ex-governador prega fidelidade à sigla, em recado aos tucanos dissidentes

Presidente dos tucanos paulistanos diz que vai defender apoio a Kassab; partido deve se reunir hoje ou amanhã para decidir posição


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Isolado no PSDB paulistano após nova derrota nas urnas, Geraldo Alckmin afirmou ontem à noite que irá apoiar quem seu partido determinar no segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo.
"Eu me orgulho dos valores do PSDB, foi isso o que fiz [defendê-los] durante toda a minha campanha (...). Como homem de partido, vou seguir uma decisão partidária, como sempre aconteceu nesses 20 anos de PSDB", disse ele, em recado direto aos dissidentes tucanos que trabalharam por Gilberto Kassab (DEM).
A obediência de Alckmin à sigla é o primeiro gesto dele para tentar manter seu nome viável dentro da sigla rumo a 2010, já que, a partir de agora, a ala ligada a José Serra e que apoiou Kassab será ainda mais forte na capital e também no Estado.
Ao chegar ontem à noite ao apartamento da família Alckmin, no Morumbi (zona oeste), o presidente dos tucanos paulistanos, José Henrique Reis Lobo, praticamente antecipou a decisão: "Vamos nos reunir amanhã [hoje] ou depois para decidir sobre o segundo turno.
Eu, pessoalmente, vou defender o apoio ao Kassab". O próprio ex-governador, segundo a Folha apurou, pediu que o diretório municipal do PSDB na capital, o mesmo que referendou sua candidatura contra a vontade da ala ligada a Serra, delibere oficialmente sobre a união com Kassab.
Se ela for aprovada, Alckmin, até para manter a "coerência" em relação ao discurso que vem adotando, vai declarar apoio ao atual prefeito.
"Esta não foi minha primeira eleição nem será a última", afirmou Alckmin, que agradeceu os votos recebidos e lamentou não ter podido "trabalhar novamente por São Paulo".
O ex-governador não quis dar entrevista aos jornalistas.
Por volta das 22h, ele fez um pronunciamento rápido em defesa da fidelidade ao PSDB. Sem essa sinalização clara de que está disposto a colaborar com o projeto de Serra concorrer à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin dificilmente irá recompor seu espaço na sigla.
"O partido deu um exemplo ruim para a política nesta eleição. Agora, tem que tomar uma nova decisão. O PSDB não é uma coisa de passagem", disse o deputado federal Edson Aparecido, coordenador da campanha de Alckmin.
"Eu vou seguir a posição do partido. Amanhã [hoje], a gente conversa. O mais importante é construir a unidade partidária rumo a 2010", disse José Aníbal, líder da bancada tucana na Câmara dos Deputados.
Não será simples, no entanto, do ponto de vista do ex-governador, recompor seus laços com o DEM. Na reta final do primeiro turno, o candidato tucano fez duros ataques à administração do atual prefeito e chegou a classificá-lo como "dissimulado". Também ocorreram rusgas com Serra, que praticamente se ausentou da campanha de Alckmin.
Anteontem, por exemplo, fracassou uma negociação que pretendia fazer com que Alckmin votasse acompanhado do governador -que, no entanto, ligou para o candidato derrotado na noite de ontem. No primeiro caso -a aproximação com Kassab-, Alckmin deverá adotar um discurso de que seu adversário "natural" sempre foi o PT, representado no segundo turno por Marta Suplicy, e que os ataques ao democrata foram feitos no calor da campanha.
Em relação a Serra, Alckmin espera que o governador encontre nele uma solução para o caso de, se for concorrer ao Planalto, abrir mão de disputar a sucessão no Estado. "Os índices de rejeição ao Geraldo, segundo todas as pesquisas, permanecem muito baixos, além de ele ser muito forte no interior. É isso que o partido precisa preservar", disse Aparecido.

Manhã
Alckmin votou na manhã de ontem acompanhado da família, de assessores, de deputados e de ex-secretários do Estado. O tucano visitou logo depois a favela de Paraisópolis.


Colaborou NANCY DUTRA


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