São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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MST condiciona apoio a "pacto social"

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CARUARU

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) condicionou sua eventual participação na reunião para a articulação de um pacto social a inclusão, na pauta de discussões, dos temas reforma agrária e agricultura.
"Trabalhamos em uma faixa muito restrita da sociedade", disse o dirigente nacional do movimento e porta-voz das lideranças reunidas em Caruaru (PE), Jaime Amorim. "O que queremos conversar efetivamente é sobre a questão da terra", afirmou.
Segundo Amorim, nenhum convite para a encontro, marcado para amanhã, havia sido feito até o final da tarde de ontem. "Mas, se formos convocados, vamos ver as outras áreas que poderemos dialogar", afirmou. Para o líder do MST, cabe ao governo propor a pauta de conversações.
O movimento ainda não tem "muito claro" o que é o pacto social pretendido pelo futuro governo. Entretanto, considera "importante" a tentativa do PT de buscar a governabilidade.
Amorim acha desnecessário que o MST, se convidado, apresente os resultados do encontro de Caruaru aos demais participantes da reunião do pacto.
"Aqui, estamos apenas avaliando a conjuntura diante do novo governo", afirmou. "Os resultados servirão muito mais para nos entendermos internamente do que para compor uma pauta de negociação", disse.
Os cerca de 60 líderes nacionais do MST que participam do encontro estão isolados desde segunda-feira no assentamento da fazenda Normandia, na zona rural do município.

Apoio crítico
A reunião termina hoje com a divulgação de uma nota oficial. Nela, o movimento anunciará a linha de atuação a ser adotada em relação ao futuro governo.
O MST fez campanha para a eleição de Lula e a tendência é que aprove um "apoio crítico" à administração do petista.
Há possibilidade de suspensão das invasões previstas para o início do ano e concessão de uma trégua de 90 dias ao futuro presidente. Outro ponto que deverá ser aprovado pelas lideranças é a reivindicação de assentamento "imediato" das cem mil famílias sem terra que estariam acampadas em todo o país.
Para viabilizar essa reivindicação, o MST considera necessária a revogação da lei criada pelo atual governo, que suspende por dois anos a reforma agrária nas propriedades rurais invadidas.


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