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ELIO GASPARI
Eremildo quer ser avaliador no MEC
Eremildo é um idiota e vai
pleitear o cargo de avaliador-geral do Ministério da Educação.
Os companheiros criaram um
megateste para 5 milhões de
crianças de duas séries do ensino
fundamental. Chama-se
ProvaBrasil, está anunciado na
internet e abrirá um ciclo de avaliação dos 35 milhões de alunos
desse estágio da rede escolar. Isso
após terem detonado o Provão,
que avaliava os cursos do ensino
superior. O plano do idiota é arrumar uma boquinha para avaliar as avaliações dos sistemas de
avaliação, estudando novas reavaliações. (O idiota procura um
sócio para sua empresa de aplicação de testes.)
Nas próximas semanas, centenas de milhares de crianças da rede escolar passarão por três (ou
quatro) avaliações. Uma será o
velho teste mensal do colégio. Depois virá a turma do ProvaBrasil.
Em seguida, em alguns Estados, o
exame de avaliação local. Se a escola for sorteada, chegará o teste
federal do Aneb.
Quando os companheiros chegaram a Brasília, o MEC cuidava
de três sistemas de aferição de desempenho escolar. A saber:
1) O Saeb, ou Sistema Nacional
de Avaliação da Educação Básica, que testa conhecimentos das
crianças do ensino fundamental e
médio. (Os çábios trocaram o nome da iniciativa para Avaliação
Nacional da Educação Básica, a
Aneb.) O teste baseia-se numa
amostra de 150 mil alunos e é
aplicado a cada dois anos. Noves
fora uma tola tentativa de esconder o desempenho de cada Estado, deu bons resultados. Ele revela, por exemplo, que, em 2003,
69% dos estudantes estavam mal
ou muito mal em matemática.
2) O Exame Nacional do Ensino
Médio. Afere os conhecimentos de
1 milhão de jovens de nível médio.
Cerca de 450 faculdades aceitam
a nota do Enem como um dos fatores de acesso dos estudantes aos
seus cursos. É um êxito, mas tem
gente querendo acabar com ele.
3) O Provão, ou Exame Nacional de Cursos, criado em 1996,
destinava-se a avaliar os conhecimentos dos alunos dos cursos superiores. Em 2002, aferiu o desempenho de 400 mil jovens. Servia sobretudo para desmascarar
fábricas de canudos. Durante o
mandarinato de Cristovam Buarque, ele foi dinamitado. Converteram-no num teste por amostragem, cujos resultados impedem
comparações entre escolas.
O MEC montou o ProvaBrasil
para avaliar o aproveitamento de
todas as crianças das 200 mil escolas municipais e estaduais. Segundo o ministro Fernando Haddad, isso permitirá a microobservação da rede de ensino. Vai-se
descobrir que a escola Marechal
Deodoro, no município de Marechal Fortunato, está mal em matemática, coisa que já se podia intuir pelo Saeb.
Os companheiros destruíram a
essência classificatória do Provão,
que fazia exatamente isso, avaliando instituições sobre as quais
o governo federal tem enorme poder, até mesmo o de cassar o registro de faculdades. (O tucanato
rosnou muito, mas cassou nenhuma.)
Tendo destruído o que poderia
funcionar, montaram uma novidade que servirá para fechar contratos, formar cadastros, produzir
logotipos e marquetagens. Feito o
teste, a burocracia federal receberá os números do mau desempenho da escola de Marechal Fortunato. Vão fazer o quê com essa informação? O MEC não tem poder
nem estrutura para se meter na
vida da professora de matemática
da cidade. Ela é prima do prefeito, foi requisitada pelo seu gabinete e, de cada três aulas, dá uma.
O governo federal pode estimular a realização de testes universais, desde que governadores e
prefeitos queiram aplicá-los. Em
pelo menos seis Estados vai-se
gastar com coisa semelhante ao
que existe. Entre 2000 e 2004, o
governador Itamar Franco fez
uma pesquisa censitária em Minas Gerais e teve os melhores resultados. O secretário de educação de São Paulo já denunciou a
redundância da despesa. É verdade que as burocracias estaduais
não divulgam números que permitam aos pais das crianças a observação do desempenho das escolas.
A memória do MEC ensina: investimentos federais em problemas municipais só servem para
produzir papelada, propaganda e
contratos (R$ 57 milhões, segundo o edital de licitação, para a
empresa que organizará a prova).
Detergente eleitoral
Todos os candidatos a presidente precisarão convencer
o eleitorado de que não estão montados num caixa
dois. Proposta: o PT, o PSDB
e o PFL juntam-se e cada um
escolhe uma grande empresa de consultoria. Feito isso,
formam-se três equipes
mistas e cada candidato terá
suas contas permanentemente auditadas por representantes das três auditorias, duas das quais indicadas pelos partidos adversários. Essa providência pode
ser anunciada sem que sejam necessárias leis ou votações no Congresso. Basta
papel, caneta e vontade de
jogar limpo.
Aviso amigo
A turma do "mensalão" sindical acha que o caso dos
cartazes que mostravam o
presidente do PFL, Jorge
Bornhausen, no corpo de
Hitler será varrido para baixo do tapete. Falso. Puxando-se o fio da meada de Avel
Alencar, diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Informática de Brasília, chega-se ao cofre do Fundo de Amparo do Trabalhador.
EsmolaBrás
José Serra, prefeito de São
Paulo e tucano favorito na
sucessão presidencial, quer
estatizar a esmola. Anunciou na Fiesp iniciativa intitulada "Dê mais que esmola.
Dê futuro". A idéia é convencer a patuléia a negar
trocados às crianças que os
pedem nas esquinas. Serra
quer canalizar o dinheiro a
um Fundo Municipal da
Criança e do Adolescente.
Pode-se acreditar que o dinheiro será bem administrado pelos miserocratas municipais, mas a explicação
do prefeito assusta: "Acredito que dessa maneira vamos
conseguir erradicar o problema dos meninos de rua".
Quando o problema dos
meninos de rua precisa ser
erradicado, como se fez com
a varíola, algo vai mal.
Mestre Garotinho
Anthony Garotinho, príncipe da sociologia periférica,
escreveu o seguinte: "Acusam-me de populista por
implantar projetos dirigidos
às camadas populares". No
seu baronato, as locomotivas da Central do Brasil pagam alíquota de 30% sobre o
consumo de energia elétrica.
Elas transportam 400 mil
pessoas por dia, cobrando
R$ 1,65 por viagem. O ICMS
representa cerca de R$ 0,10
em cada bilhete. (Em São
Paulo, cobra-se menos da
metade.) Na verdade, a alíquota de ICMS de Garotinho é de 25%. Os outros 5%
são tungados para o Fundo
da Pobreza. Isso é que é projeto para as camadas populares. Os nababos que usam
os trens precisam aprender
a pagar impostos.
Natasha social
Madame Natasha não recebeu a repasse de "mensalão"
que custeava algumas de
suas bolsas de estudo. Mesmo assim, zela pela concretude da fala. Outro dia, discursando para abonados,
Lula se referiu pela enésima
vez aos "movimentos sociais". Natasha faz um apelo
ao nosso guia, para que defina o que vem a ser um "movimento social". Mesmo sabendo que, no morro, "movimento" é o nome que se dá
ao tráfico, Madame indaga:
O AeroLula, em vôo, é um
movimento social?
Miserê americano
Vai mal o companheiro
Bush. Hoje realiza-se a maratona de Nova York, com
quase 85 mil inscritos. O
percurso é vigiado por 20
postos de voluntários prontos para socorrer os corredores. Cada um precisava de
algo como vinte macas. Cadê elas? Estão no Iraque. Como se estivessem em Nairobi, os novaiorquinos tiveram que se virar.
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